Desde a década de 90, os professores têm enfrentado o crescimento da violência dentro das escolas. O que chamávamos de indisciplina passou repentinamente a ter um caráter de agressão.
Em 2006, a APEOESP e o Dieese realizaram uma pesquisa sobre a violência nas escolas, durante a realização do XXI Congresso Estadual do sindicato. (Você pode acessar o relatório completo da pesquisa nesta página.) Entre os quase 700 professores que responderam a pesquisa, 96% admitiram que a agressão verbal é o tipo mais comum de violência dentro das escolas, seguido por 88,5% que apontaram os atos de vandalismo e por 82% que responderam ser o tipo mais comum a agressão física.
Nos últimos anos, as escolas ganharam as páginas policiais. Na apresentação do relatório da pesquisa sobre violência, a professora-doutora Flávia Schilling, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, afirma que a violência nas escolas não é uma fatalidade. “Um diagnóstico mais preciso e elaborado, com a participação de todos os envolvidos, certamente mostrará que, em torno dos fatos relatados, há o que fazer: assumir a responsabilidade pela educação das novas gerações é o grande desafio que temos neste país, que universalizou tão tardiamente esse direito.” Para a educadora, ainda, “há responsabilidade dos governantes, que cometem violência contra a escola quando deixam os prédios abandonados, quando mudam incessantemente as orientações de um trabalho gerando cansaço e insegurança, quando aceitam a desvalorização da profissão de professor”.
O objetivo deste trabalho de coleta de dados sobre a violência nas escolas é o de justamente elaboramos um diagnóstico mais preciso para que possamos apontar as causas da violência e tratarmos o problema como uma questão social, propondo soluções, e não como o faz o governo, que trata a questão como caso de polícia.
Como nos ensina a professora Flávia Schiling: “As palavras de ordem poderiam ser: explicite a que viemos, porque estamos trabalhando neste difícil ofício de ensinar, mostre que se trate de se apropriar de uma herança contraditória, porém que pode servir para a mudança das condições de nossas vidas. Estabeleça conexões, entre nós, entre nós e os alunos, entre o saber teórico e a vida prática, entre a escola e os parceiros do entorno. Não tema o debate, a participação, o envolvimento em um projeto comum, os coletivos.”
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