Em apoio a eles, artistas farão shows gratuitos no domingo (6). Batizado de Virada Ocupação, o evento já tem confirmada a participação de Chico César, Criolo, Karina Buhr, Paulo Miklos, Maria Gadú e Edgard Scandurra. Para garantir a segurança, a organização só divulgará os locais perto do início das apresentações por meio de mensagem via celular para quem entrar no site da rede Minha Sampa, de alerta e mobilização pela cidade.
Os protestos estudantis começaram em uma escola no ABC, Grande São Paulo, e se alastrou pela capital e outras cidades do Estado. Nesta semana, os atos estudantis foram duramente reprimidos por ações da Polícia Militar. Cerca de 30 pessoas foram presas.
A Anistia Internacional condenou a repressão às manifestações pacíficas e o uso excessivo da força pela PM contra estudantes secundaristas. Denúncias de agressões e invasões nas escolas ocupadas, imagens e relatos de violência física, uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogênio e prisões de manifestantes nos atos de rua mostram que o governo não está dialogando com os movimentos. “Chama a atenção o fato de que os protestos são pacíficos e mesmo assim a polícia tem agido com truculência contra jovens, meninos e meninas menores de idade, repetindo táticas ostensivas adotadas na repressão aos protestos em 2013 e 2014, e denunciadas na época pela Anistia Internacional”, afirma Atila Roque, diretor executivo da organização.
ENTENDA POR QUE O PROJETO NÃO AGRADA AOS ESTUDANTES
O anúncio
No dia 23 de setembro, o governo estadual anuncia nova organização da rede de ensino
O objetivo
Separar as escolas para que cada unidade passasse a oferecer aulas de apenas um dos ciclos (Fundamental 1, Fundamental 2 ou Ensino Médio) a partir de 2016
O que mudaria
No total, 1.464 unidades estariam envolvidas na reconfiguração, alterando o número de ciclos de ensino oferecidos. Segundo a secretaria, 311 mil alunos deveriam mudar de escola do total de 3,8 milhões de matriculados. A mudança atingiria ainda 74 mil professores
Em termos práticos
No dia 28 de outubro, o governo de São Paulo divulgou a lista das 93 escolas disponibilizadas para a reorganização
A organização estudantil
No dia 9 de novembro, estudantes começaram a ocupar escolas em protesto contra a reestruturação. O movimento começou na Escola Estadual Diadema, no ABC. No dia seguinte, No dia seguinte, alunos ocuparam a Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste da cidade. Policiais Militares foram deslocados para a unidade
O que disse a Justiça
No dia 13 de novembro, a Justiça concedeu reintegração de posse da Fernão Dias Paes e da escola em Diadema. Mas a decisão foi derrubada pelo juiz Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 5ª Vara de Fazenda Pública
O outro lado
O governo do Estado recorreu e sofreu uma nova derrota no Tribunal de Justiça de São Paulo. Em 23 de novembro, três desembargadores defenderam que os estudantes tinham direito a ocupar as escolas em protesto.
Os alunos
As ocupações aumentaram. Entidades, como Apeoesp e MTST, declaram apoio aos estudantes
As dúvidas
Em 14 de novembro, as escolas ficaram abertas para receber pais e alunos que tinham dúvidas sobre o projeto. Também foi criado um sistema online de consulta sobre as matrículas do próximo ano
As ocupações
O que começou com duas escolas estaduais alcançou 196 colégios em todo o Estado. No dia 31 de novembro, a ação da Polícia Militar endurece. Estudantes são presos, depois liberados. A reação truculenta da PM dura dias. Os estudantes resistem
O decreto
No dia 1º. de dezembro, é publicado decreto que autoriza a transferência de funcionários da Secretaria Estadual da Educação de uma escola para outra dentro do projeto do governo
O desfecho, por enquanto
No dia 4 de dezembro, o governador Geraldo Alckmin anuncia a suspensão da reorganização escolar. Estudantes prometem manter as ocupações. Para eles, o governo do Estado quer apenas desmobilizar o movimento.