Qua, 15 de Fevereiro 2017 - 13:09
MP que reformula o ensino médio faz escola voltar ao século XIX, diz Apeoesp
Por: Agência Sindical - 14.02
A Medida Provisória 746/2016, que institui a reforma do ensino médio, foi aprovada dia 8 fevereiro pelo Senado. O texto, que agora segue para sanção presidencial, mesmo com a resistência de estudantes que ocuparam mais de mil escolas em todo o País em protesto contra a reforma.
A presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha (Bebel), disse à Agência Sindical que a reforma conduzirá a escola pública de volta à época dos barões do café. Ela lembra que o texto foi rejeitado por todos no meio acadêmico e estudantil.
"Parece exagerado, mas essa MP traz itens absurdos como, por exemplo, a criação do ‘notório saber’. Você não precisa ser professor formado para dar aulas. Na falta de um professor, qualquer um que seja considerado pelo sistema de ensino ‘notório saber’ poderá substituí-lo", explica Bebel.
A Apeoesp lançou nota de repúdio, na qual denuncia que o alardeado “direito de escolha” dos estudantes é uma falácia, pois quem definirá a oferta de conteúdos da parte diversificada do currículo (40% do total) serão os sistemas de ensino (leia-se, os secretários de Educação).
Bebel também critica a imposição da se ampliar as escolas em tempo integral no ensino médio e o aumento da carga horária, sem oferecer aos estudantes uma formação integrada.
"Na atual conjuntura econômica do País de crise, a medida ignora os direitos e interesses dos estudantes trabalhadores, que serão excluídos do sistema de ensino", avalia. Segundo a educadora, "esses estudantes só poderão estudar em cursos de Educação de Jovens e Adultos de baixa qualidade”. “Na verdade eles querem separar o ensino em escola dos ricos, com qualidade, e escola dos pobres, totalmente sem recursos e de baixa qualidade", diz.
O Sindicato realizará manifestação contra a MP 746 dia 8 de março, às 14 horas, na avenida Paulista.
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