Seg, 21 de Agosto 2017 - 20:21
Reforma aproxima trabalhadores de condições análogas à escravidão, diz historiadora
Por: O Estado de S. Paulo - 20.08
A historiadora Beatriz Mamigonian fala sobre a ressonância do tráfico negreiro na atual reforma trabalhista, em entrevista a João Prata, publicada por O Estado de S. Paulo, no dia 20 de agosto. Ela dedicou os últimos 23 anos a pesquisar sobre as primeiras décadas do Estado brasileiro, mais especificamente o momento em que o País, pressionado pela coroa britânica, iniciou um longo e burocrático processo para acabar com a abolição do tráfico de escravos. Em um minucioso estudo, publicado agora pela Companhia das Letras - "Africanos Livres" - ela reproduz a complexidade política para conseguir de fato fazer valer a lei promulgada em 7 de novembro de 1831, que proibia a importação de escravos.
"A aprovação da reforma trabalhista, com a oposição da maioria da sociedade brasileira e sem debate é uma afronta a todos que lutaram por condições dignas de trabalho. A flexibilização da jornada, o avanço da terceirização e a dificuldade de acesso à justiça do trabalho vão sim aproximar os trabalhadores das condições que hoje consideramos de trabalho análogo a de escravo: jornadas exaustivas, condições degradantes, restrição de mobilidade e servidão por dívida. O que passou no Congresso foi uma grande desregulamentação da exploração da mão de obra", explica a historiadora.