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Observatório da Violência

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Seg, 09 de Dezembro 2013 - 14:10

Alunos são vítimas de cyberbullying após Educação física; 40% já viram agressão

Após o fenômeno das redes sociais, piadinhas típicas das aulas da disciplina ganharam repercussão e gravidade.

O aluno acima do peso, a menina que tem dificuldade para correr ou o menino que não sabe jogar futebol. Não é de hoje que as aulas de educação física motivam as piadas preconceituosas que podem trazer à tona uma série de agressões verbais e até físicas. Mas, se antes essa violência se restringia ao local da escola, hoje elas viram textos, fotos e vídeos que vão parar nas redes sociais, nos e-mails e nos celulares: o chamado cyberbullying.

Uma pesquisa realizada na Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília (UnB) aponta que 40% dos estudantes de uma escola pública do Distrito Federal já presenciaram a ocorrência de agressões virtuais após as aulas de educação física.

Para realizar o estudo, a pesquisadora Lis Bastos Silvestre escutou alunos de 14 a 16 anos. Desses, apesar de 40% terem dito que já presenciaram o bullying virtual, apenas 15% admitiram ter praticado o delito nos trinta dias anteriores à pesquisa.

Para Katty Zúñiga, psicóloga e pesquisadora do NPPI (Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática) da PUC-SP, a violência na educação física pode acontecer porque o relacionamento entre os alunos se torna mais intenso, inclusive pelo contato físico explícito. "É quando se sobressai uma diferença que o agressor pode usar para atacar o agredido", diz

Nisso se inclui desde a inabilidade de algum garoto para o futebol, às pernas tortas do outro até às gordurinhas evidenciadas pela bermuda justa das meninas durante uma partida de volei.

Segundo Katty, diante desse cenário propício ao cyberbullying, cabe ao próprio professor da disciplina pensar em atividade em que o espírito cooperativo seja essencial. "Justamente por trabalhar neste terreno, o educador físico tem uma posição privilegiada para identificar esse tipo de problema. Se isso acontecer, deve conversar com o agressor, com a vítima e com as testemunhas –separadamente– a fim de encerrar a situação".

Além disso, diz ela, o educador deve alertar os demais professores, o corpo diretivo e os pais, para que o problema não continue acontecendo fora da quadra.

Repercussão

Para a psicóloga Maria Tereza Maldonado, autora do livro Bullying e Cyberbullying, muitas vezes os autores não tem consciência da repercussão do sofrimento que estão causando. "Eles acham que estão apenas fazendo uma brincadeira. Tanto que, muitas vezes, quem comete essa agressão já foi agredido no passado", explica.

O que acontece, diz ela, é que os efeitos têm se tornado mais devastadores devido à divulgação em rede do que antes era apenas um burburinho dentro da quadra.

Além disso, ao contar com o anonimato, além dos insultos, os agressores fazem ameaças, calúnias e difamam o agredido (que inclusive podem ser professores e funcionários do colégio) sem preocupações.

Para as vítimas, as consequências são piores. "Não existe mais nenhum lugar seguro para a vítima, pois o cyberbyllying a atinge até no espaço da sua casa. Como consequência, podem ser maiores e as sequelas, como a depressão ou mesmo a morte", afirma Katty.

Criminalização

Atualmente tramita no Senado um projeto de lei de autoria do Senador Clésio Andrade que quer criminalizar a prática do cyberbullying. O projeto propõe a alteração do Código Penal para tipificar como crime a prática do bullying virtual. O projeto propõe pena de detenção, que pode ir de três meses a três anos.

IG - 05.12

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