A voz preocupada da docente é reflexo da semana difícil que ela está vivendo. A agressão sofrida por volta do meio dia da última segunda foi um divisor de águas na vida dela. O salário baixo e as condições de trabalho restritas, comuns a toda a classe em todo o Estado de São Paulo, contribuíram, mas a agressão foi a gota d´água que a fez decidir abandonar as salas de aula. “Eu estou com muita vergonha. Não tenho condições de voltar. Não sei como será a reação da sala daqui para frente se isso (retornar às aulas) acontecer. Minha mãe disse para eu não voltar. Penso em abandonar as salas, mudar de profissão. Tentar qualquer outra coisa na vida. Eu não acordo as 5h30 da manhã todos os dias e trabalho dois períodos, até o final da tarde, às vezes, até sem almoçar porque não dá tempo, para apanhar na cara de aluno”, contou à reportagem.
Ana, que tem formação em Pedagogia e História, é professora substituta na escola há quatro anos, mas estudou quando criança no lugar. Praticamente a família dela inteira passou pelos bancos do colégio, sem histórico algum de agressão a professores.
Ao todo, conforme contou ao jornal, a adolescente, que demonstrou praticar algum tipo de luta, pois sabia como bater, deu 10 golpes em diferentes partes do corpo. Tudo começou porque, segundo a professora, seis alunos estariam fora da sala. Ela chamou a atenção deles. A aluna pediu três vezes para ir ao banheiro, mas não teve a saída autorizada por restrições impostas pela direção da escola. Os alunos não podem sair nas últimas aulas. A liberação ocorre apenas em emergências. A professora passava atividades de raciocínio lógico a pedido de uma docente de Matemática que havia faltado.
Depois de minutos de negativas, a adolescente teria começado a agredir a professora. Foram 10 golpes. O rosto da docente ficou ensanguentado. Alunos foram buscar ajuda. Funcionários ajudaram a conter a menor de idade. (Lucas Meloni)