Sex, 21 de Setembro 2018 - 16:19
Após segunda invasão em um mês, pais se preocupam com onda de furtos em escolas públicas de Ribeirão Preto, SP
EPTV 1- 20.09
Quase 20 ocorrências foram registradas este ano pela prefeitura. Secretaria de Educação afirma que fez licitação para instalar câmeras de monitoramento.
A Escola Estadual João Batista Domingos Spinelli, no bairro Quintino Facci II, em Ribeirão Preto (SP), foi furtada duas vezes em menos de um mês. O fato confirma a onda de furtos em escolas públicas que tem prejudicado alunos e professores. A Prefeitura informa que vai instalar câmeras de segurança em 45 escolas.
Segundo apuração da EPTV, afiliada da Rede Globo, um aluno do oitavo ano, que preferiu não se identificar, confirma que na escola foram furtados um retroprojetor e fios de energia que prejudicaram o funcionamento de uma bomba d’água. Os alunos ficaram sem aula.
“Ficamos sem água, não podíamos usar o banheiro e não tinha merenda. Isso atrapalhou nossas aulas. Naquele dia nós tivemos que voltar para casa e ficamos um dia sem estudar”, conta o aluno.
O mesmo aluno revela que a escola não tem boa estrutura e os furtos de equipamentos agravam a situação. “Isso atrapalha o rendimento das aulas. Não tem muitos computadores, alguns estão quebrados e isso prejudica o desemprenho. Nossa escola já não tem muita estrutura”, diz.
Outro estudante que também não quis se identificar comenta que o número de furtos foi maior. “Já tiveram três furtos aqui na escola”, aponta. “Está bem difícil estudar aqui no Spinelli”, completa.
Ele cobra segurança na escola. “A escola está precária. A gente não tem segurança nenhuma. Não podemos deixar a mochila na sala de aula porque sabemos que vamos ser roubados”, argumenta o estudante do nono ano.
Pai de uma aluna da escola João Batista Domingos Spinelli, o técnico hidráulico Adalberto Carlos Ferreira não se conforma com a falta de segurança. “Isso atrapalha. Às vezes, minha filha vai embora para casa porque roubaram as coisas, quebram as carteiras, fazem bagunça e os alunos ficam sem aula”, comenta.
Ele pede a presença da Guarda Civil Municipal (GCM) nas escolas. “Acho que tem que colocar um guarda municipal a noite. As creches também estão sendo roubadas. Já não é um ensino de primeira classe e ainda dá esse problema? É preciso rever essas coisas”, cobra Ferreira.
A Escola Estadual Parque dos Servidores foi incendiada depois de uma tentativa de furto no dia 20 de agosto. Os alunos ficaram quase uma semana sem aula. A escola precisou improvisar um espaço para remanejar os alunos para que as aulas e o calendário não fossem prejudicados.
O problema de furtos também acontece nas unidades municipais. Segundo a prefeitura, a Secretaria de Educação de Ribeirão Preto já registrou 19 casos nas escolas da cidade nos oito primeiros meses do ano.
O Centro de Educação Infantil Cloresdith Ferlin Ferreira, no bairro Adelino Simioni atende 160 crianças e também registrou dois casos de furtos em um mês. No início de setembro, ladrões levaram aparelhos eletrônicos, materiais pedagógicos e de higiene. Sem os fios elétricos, a escola ficou sem energia.
A dona de casa Andréia Feliciano Galdiano reclama da situação. “É uma vergonha, isso! São eles mesmos que estudam aqui. A escola é deles, é dos alunos e eles precisam da escola”, relata a mãe de aluno.
A auxiliar de limpeza Jéssica Cristina Freitas Valadão concorda que os furtos prejudicam o aprendizado. “Prejudica porque, querendo ou não, não tem nenhuma segurança. É perigoso colocar fogo na escola e a gente tem medo”, revela.
Laís Patrícia Sabino é professora e diz temer pela falta de segurança. “A gente vem trabalhar como? Não tem como trabalhar tranquila, não temos segurança em lugar nenhum. Quem vai se responsabilizar para as nossas crianças”, questiona.
A professora Márcia Pereira é representante da associação de país e mestres da Escola Municipal Sebastião Aguiar Azevedo. Ela sugere a inclusão da população em atividades das escolas para diminuir as invasões.
“A violência dentro da escola é complicada. Muitas vezes são crianças que sofrem em casa e refletem nas escolas. O mais agravante são as invasões, os assaltos; muitas vezes são alunos vandalizando a própria escola porque não se sentem acolhidos”, aponta a professora.
Para Márcia, medidas simples, como disponibilizar as quadras de esportes para utilização dos alunos aos finais de semana, fariam os estudantes valorizar e cuidar do espaço. Segundo a professora, com essa consciência, a população pode repreender qualquer tipo de vandalismo.
“A gente tenta trazer a comunidade para dentro da escola, mas precisamos respaldo dos órgãos públicos. Uma escola aberta aos finais de semana tem que ter funcionários. A escola é um bem público, é uma extensão da nossa casa”, acrescente a professora.
Monitoramento 24 horas por dia
Em março deste ano, a superintendente da GCM, Mônica da Costa Noccioli, havia anunciado que escolas e creches municipais de Ribeirão Preto seriam monitoradas por uma empresa terceirizada, com a ajuda de câmeras de segurança.
Agora, a Prefeitura de Ribeirão Preto informa que já realizou um certame licitatório na modalidade Pregão para instalar câmeras de segurança para monitoramento 24 horas em todas as 45 escolas municipais. A produção da EPTV procurou também a Polícia Militar, mas não obteve retorno.