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Qua, 25 de Setembro 2013 - 14:06
Os professores e alunos da Emef (Escola Municipal de Educação Infantil) Marina Vieira de Carvalho Mesquita, no Jabaquara, Zona Sul da capital, não aguentam mais serem vítimas da ação de bandidos dentro e fora da unidade. A onda de assaltos e furtos levou a direção da escola a organizar um abaixo-assinado, com cem adesões, e pedir socorro para o Conseg (Conselho de Segurança) do bairro.
Na reunião do último dia 16, a direção do colégio relatou à GCM (Guarda Civil Municipal) e à PM (Polícia Militar) que os bandidos não economizam na violência para intimidar professores, funcionários e alunos.
Acompanhada da avó Maria Conceição dos Santos, de 56 anos, o aluno Guilherme de Moraes, 9, conta que um de seus professores teve o carro arrombado no estacionamento da instituição. “Eles reclamam muito. É sair da escola que já tem assalto”, relata.
Sob a condição de anonimato, um dos funcionários revela como está o ambiente na sala dos professores. “Aqui o clima é de tensão e medo. Vários deles já pediram transferência”, diz.
O DIÁRIO permaneceu por 1h30 na frente de um dos portões da Marina Vieira. Ao meio-dia era possível perceber a movimentação de rapazes, aparentemente menores, circulando entre as crianças uniformizadas. Incomodado com a presença da reportagem, um deles ameaçou o fotógrafo.
Ainda durante a observação, dois jovens fumavam um cigarro de maconha. Cinco minutos depois, por volta das 13h15, horário de abertura dos portões para o turno vespertino, uma viatura da GCM, com duas guardas-civis, chegou ao local.
Detenções
Segundo a GCM, neste ano houve “apenas quatro ocorrências, todas relacionadas a furto de carros” na escola. Já a PM informou que deteve na região da Marina Vieira 184 pessoas em flagrante delito – das quais dez eram menores –, recolheu 16 armas de fogo, recuperou 705 veículos e apreendeu 22 kg de drogas.
Vizinhos do colégio também já foram vítimas
A comerciante Antônia Souza Vilas, de 77 anos, ainda vive sob o trauma de ter passado, neste ano, por dois assaltos à mão armada no portão de sua casa, localizada em frente à entrada dos professores da escola municipal.
No primeiro deles, ela se preparava para viajar a Santos com a família quando dois homens se aproximaram e levaram o carro da família. “Um deles chegou a apertar o gatilho na cabeça da minha filha. Sorte que o revólver falhou”, conta.
Vizinho de Antônia, o pedreiro Irineu dos Santos, de 78 anos, surpreendeu dois bandidos ao chegar em casa. “Ao abrir o portão, dei de cara com a morte. Antes de fugirem, levaram meus documentos, cartões de crédito, furadeira e R$ 700. É muito pedir para que mais viaturas passem por aqui durante o dia e à noite?”, questiona Irineu, que mora em frente ao portão de entrada dos estudantes da Emef.
A doméstica Maria José da Silva, de 57 anos, alerta para o perigo do vandalismo na Rua Nestor Castro. “Já vi jogarem pedras dentro da escola para atingirem carros dos professores. Já pensou se acerta alguém? Tinha de ter polícia aqui o tempo todo”, cobra Maria.
Patrulhamento deve ser intensificado
A GCM informou que realiza patrulhamento na escola municipal Marina Vieira todos os dias, com permanência de 15 minutos a 30 minutos, das 13h às 13h35 e das 18h45 às 19h30. Já a PM disse atuar com as rondas escolares. As corporações planejam reforçar esse trabalho.
Por: Ulisses de Oliveira
ulisses.oliveira@diariosp.com.br