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Qui, 20 de Fevereiro 2014 - 15:32
No último dia 10, ela foi surpreendida por uma mãe, aos gritos, que lhe chutou a costela, puxou seus cabelos e deixou uma série de hematomas no corpo. "Apanhei como um cachorro", lamenta a professora, moradora do bairro Eloy Chaves, em Jundiaí, e de licença saúde devido ao choque físico e psicológico sofridos.
O caso ocorreu quando a professora (que não quis ser identificada) dava uma aula de educação física para a 7ª série. Durante essa aula, uma aluna não quis fazer os exercícios propostos e foi ao banheiro, onde falava ao celular - o que, segundo a professora, não é permitido dentro das escolas. Ainda de acordo com a agredida, ela pediu à menina que desligasse o celular e voltasse para a aula, além de dizer que o uso do aparelho não era permitido.
Já em outra aula, dessa vez em uma sala, a professora foi chamada por uma coordenadora. O recado era que havia uma mãe na escola que queria "conversar" com a professora. "Foi então que vi ela vindo, já gritando, em minha direção", explica a professora. "Durante a agressão, meus óculos caíram no chão e, quando fui pegá-los, ela me deu um chute na costela", conta. "Cai no chão e apanhei mais, ela arrancou um punhados de cabelos." A agressão durou pelo menos três minutos. Alunos saíram da sala para assistir à cena.
"Ninguém me ajudou e eu não revidei, apanhei bastante", conta a vítima, que procurou a polícia, fez boletim de ocorrência e exame de corpo de delito no Hospital de Itupeva. Ela pretende processar a mãe da aluna pelo caso e diz que vai procurar, hoje, a Defensoria Pública para pedir apoio. Desde que o caso aconteceu, a professora diz estar desestabilizada psicologicamente.
"Não consigo dirigir, saio sempre a pé e não posso ver criança", conta ela. "Também machuquei um tendão no tornozelo." O caso de agressão foi citado pelo vereador Rafael Purgato (PCdoB) em sessão da Câmara Municipal de Jundiaí na última terça-feira. Ele repudia o caso e diz que isso mostra como se encontra a educação pública do Estado. "Um quadro de calamidade, com situações de violência", declarou.
O vereador também comentou que a escola em questão, em Itupeva, não possui uma quadra para prática esportiva. As aulas estariam sendo improvisadas em outro espaço. A professora agredida confirma e diz que as atividades ocorrem em um pátio. Em nota, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) declara que cobrará de todas as autoridades envolvidas um posicionamento e irá visitar a escola para levantamento dos problemas apresentados e vividos diariamente.
Além disso, vai protocolar um ofício em alguns órgãos explicando o caso. Também em nota, a Diretoria Regional de Ensino de Jundiaí diz repudiar qualquer ato de violência e informa que foi aberta uma comissão de apuração para acompanhar o caso. "A docente foi recebida pela supervisão de ensino regional, que permanece à disposição para o que for necessário. O boletim de ocorrência foi registrado e a polícia investiga o caso", diz a nota. "Cabe salientar que a unidade possui espaço destinado às atividades físicas."
Rafael Amaral, do JJ Regional
Elton Oliveira - Jornal de Jundiaí – 20/022014