Seg, 29 de Abril 2019 - 16:10
Mais de 1,3 mil pacientes ligados ao massacre em Suzano esperam atendimento psicológico
Natan Lira, G1 Mogi das Cruzes e Suzano - G1 - 25.04
Luís Claudio Guillaumon, secretário municipal de Saúde, disse que atualmente cidade conta com 14 psicólogos, mas precisaria de mais 40 para atender à demanda de pacientes após o massacre. Estado garantiu que está em processo para contratar funcionários.
O Secretário de Saúde de Suzano, Luís Claudio Guillaumon, divulgou nesta quinta-feira (25) que ao menos 1,3 mil pacientes ligados ao massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil esperam por atendimento psicológico na cidade. A Secretaria de Estado de Saúde assegurou que realiza procedimentos para contratar funcionários da saúde mental para atender na cidade.
Segundo o secretário, desde o atentado à escola em 13 de março deste ano, que terminou com 10 mortos e ao menos 11 feridos, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) tem recebido entre 10 e 20 novos pedidos de acompanhamento psicológico por dia, de pacientes ligados de alguma forma ao massacre.
"Hoje a gente não consegue fazer o atendimento como queria. Todos passaram pela triagem, mas não dá para atender a todos neste momento. A gente passa por uma dificuldade burocrática, porque a cidade e o estado nunca passaram por um evento desta magnitude", explicou o secretário.
Atualmente, Suzano conta com 14 psicólogos. Seis foram mantidos para atender à demanda de cerca de mil pacientes da rede municipal de atenção psicossocial, enquanto os outros oito foram direcionados aos pacientes do massacre.
"Ainda estamos vivenciando uma fase emergencial, tão emergencial que eu tenho a obrigação de dizer que os meus psicólogos da rede estão exauridos. Desde o acontecido, eles têm trabalhado incansavelmente. Ontem mesmo, uma teve de ser afastada por questão médica. Os profissionais estão exauridos", contou.
Ainda segundo o secretário, para atender à demanda são necessários 40 psicólogos, 3 psiquiatras, 3 clínicos e 6 terapeutas ocupacionais. O secretário garantiu que tem conversado diariamente com o Governo do Estado para solucionar este problema, mas que a contratação inicial via Secretaria de Educação foi barrada pelo jurídico e agora é feita via pasta de Saúde.
"A gente tem fases do luto e deste evento que aconteceu. É muito importante a gente agir rápido, porque a ação específica do pessoal da saúde diminui a amplitude do problema. Então se a gente consegue rapidamente acompanhar o paciente, diminui o problema e a fase de alguns transtornos que podem começam a desencadear", detalhou.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que tem articulado com a pasta da Educação ações integradas de assistência psicológica a alunos, professores e funcionários na Escola Estadual Raul Brasil, de Suzano, por meio de parceria voluntária com o Centro de Referência e Apoio a Vítima (Cravi) da Secretaria da Justiça e Cidadania, Instituto de Psicologia da USP, Unicamp, Conselho Regional de Psicologia (CRP) e dos Centros de Atendimento Multidisciplinar (CAM) da Defensoria Pública.
Esse trabalho integrado reúne cerca de 40 profissionais que têm realizado ações diariamente na unidade de ensino, como grupos de formação de vínculo, de cidadania, rodas de conversa e escuta individualizada, quando necessário.
"A iniciativa garante o atendimento prioritário às pessoas diretamente afetadas pela ocorrência na escola e, paralelamente, a Secretaria de Estado da Saúde está realizando os procedimentos administrativos necessários para contratar 40 psicólogos para apoiar Suzano na assistência à população, conforme compromisso firmado pela pasta", destacou o texto enviado ao G1.
Laudos
Nesta quinta-feira, o Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc) entregou os laudos das perícias realizadas nos 11 sobreviventes do ataque à Defensoria Pública do Estado.
Segundo documento, os profissionais avaliaram os comprometimentos físico, psíquico e o contexto social dos adolescentes. Os laudos foram concluídos em 15 dias.
A avaliação foi feita no dia 11 de abril por uma equipe de especialistas em avaliação do dano pós-traumático do Imesc, composta por 11 profissionais, entre médicos, psicólogo e assistente social, em uma unidade básica de saúde do município.
"Os 11 especialistas apresentam um único laudo com uma conclusão conjunta. Então ela é interdisciplinar e multidisciplinar, no sentido de avaliar os danos causados. Danos que podem ser danos físicos, danos estéticos, danos psíquicos, danos psicológicos, eventuais danos futuros, que talvez seja possível avaliar a possibilidade de", explicou o superintendente do Imesc, João Gandini.