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Seg, 28 de Agosto 2017 - 18:18

Na região, 52% dos professores da rede pública já sofreram violência

Carolina Iglesias - A TRIBUNA - 26.08

Dados são de pesquisa feita em 2013; debate sobre o tema voltou à tona após agressão à docente no Sul
 
O recente episódio de violência contra uma professora da rede municipal de Indaial (SC) reacendeu o debate sobre violência contra professores em sala de aula. Dados nacionais divulgados pelo portal QEdu, em março deste ano, indicam que metade dos educadores de escolas públicas no Brasil já presenciou agressões físicas ou verbais de alunos contra funcionários, incluindo contra eles próprios, dentro do ambiente escolar. No Estado de São Paulo, os dados também assustam. 
 
Conforme informações do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), 44% dos docentes da rede pública afirmam já terem sofrido algum tipo de agressão em sala de aula. Na Baixada Santista e Vale do Ribeira, conforme o levantamento mais recente, realizado em 2013, esse número é ainda maior: 52% relataram terem sido vítimas de violência. 
 
Secretária geral da Apeoesp na Baixada Santista, Cida Barbosa, que leciona há 23 anos na rede estadual, também afirma fazer parte desta triste realidade. À Reportagem, ela contou ter sido vítima de violência verbal em uma escola que lecionava na região, anos atrás. O episódio, segundo ela, apesar de não ter se repetido, não é isolado. 
 
"O índice de violência dentro de sala de aula em nossa região, infelizmente, é muito grande. Eu mesma passei por isso, mas registrei boletim de ocorrência porque devemos tomar providências para que casos assim não voltem a se repetir", comenta a docente, que na ocasião conta ter recebido amplo apoio da escola onde lecionava. 
 
''Mas, na grande maioria, os diretores fazem vistas grossas, porque o Estado não quer essa visibilidade negativa. Na sala de professores, as reclamações entre docentes são muitos comuns. Professores já chegam desmotivados. A síndrome de Burnout (decorrente de estresse e esgotamento profissional) é uma das que mais acometem professores hoje".
 
Sistema de Proteção Escolar não funciona
 
Conforme o levantamento realizado pela Apeoesp, entre as agressões que 84% dos professores relatam já terem presenciado, 74% falam em agressão verbal, 60% em bullying, 53% em vandalismo e 52% em agressão física. As principais vítimas, conforme a entidade, são os homens que lecionam para o Ensino Médio. Eles representam 65% deste público. 
 
"Hoje, o Sistema de Proteção Escolar não funciona, precisava ser mais ostensivo. Só conseguimos detectar casos de violência contra professores quando somos notificados", comenta a docente, reforçando que, em muitos dos casos, os professores não levam as denúncias de agressão adiante, por medo de represálias. 
 
Segundo ela, falta amparo legal. ''Em uma escola da região, uma aluna colocou o pé para derrubar um professor. Ele conversou comigo, cheguei a falar de levarmos o caso à delegacia, mas ele ficou com medo e não registrou boletim de ocorrência".
 
Afastamentos
 
Na Baixada Santista, conforme informações da diretora-executiva estadual da Apeoesp, Sonia Maciel, dos quase 9 mil docentes na rede estadual, 30% estão afastados por problemas psicológicos, assédio e violência em sala de aula. 
 
Segundo ela, apesar de não haver uma pesquisa na região com o número de docentes vítimas de violência, afastados de suas funções, ela estima que os principais casos estejam concentrados em áreas periféricas de São Vicente, Guarujá e Praia Grande. 
 
Violência fora das salas de aula
 
Além da violência em sala de aula, um outro fator também tem preocupado a dirigente sindical: a falta de segurança no entorno das escolas. E esse dado é corroborado pela pesquisa que aponta que 40% dos docentes na Baixada Santista e Vale do Ribeira não se sente seguro no entorno da escola.  
 
Na última semana, conforme Sonia Maciel, uma docente teria sido abordada por bandidos e teve seu carro levado da porta da Escola Estadual Professor Leopoldo José de Sant'Anna. "Os assaltos no entorno das escolas da região têm sido constantes". 
 
Procurada, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo disse, em nota, que o enfrentamento à violência em suas unidades de ensino ocorre em diversas frentes, que englobam também comunidade escolar, famílias e a polícia. Para isso, desenvolve desde 2009 em todas as 5 mil escolas o Sistema de Proteção Escolar, programa que orienta as equipes gestoras e apoia professores e alunos envolvidos em situações dessa natureza. 
 
Ainda no comunicado, a pasta informa que o Estado também investiu na formação de professores mediadores e já formou 5.416 docentes através do curso que ensina como agir na prevenção de conflitos. Em Santos, 67,5% das escolas contam com a atuação desse profissional. 
 
A Secretaria de Educação reforça que a participação da sociedade e comunidade é essencial na prevenção, ''por isso, o programa Escola da Família abre a porta das escolas estaduais aos finais de semana para a comunidade e trabalha para combater situações de vulnerabilidade''. Por fim, a nota diz que, em 2017, a pasta iniciou a campanha “Fala Educador, Fala Educadora” que visa dar voz para todos os professores da rede. 
 
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