Qua, 28 de Novembro 2018 - 16:12
Pais afirmam que filhos foram agredidos por policiais militares dentro de escola em Mogi das Cruzes
Por Natan Lira, G1 Mogi das Cruzes e Suzano - 28.11
Segundo os pais, os menores contam que policiais entraram na escola depois que alguns alunos começaram uma guerra de arroz durante o intervalo. Segundo Secretaria de Segurança Pública, policiais foram chamados por causa de vandalismo e inquérito foi instaurado para apurar o caso.
Pais de alunos da Escola Estadual Professora Sylvia Mafra Machado, no bairro Alto do Ipiranga, em Mogi das Cruzes, procuraram a delegacia para denunciar que os filhos foram agredidos por policiais militares dentro da escola na tarde desta segunda-feira (26). A confusão teria começado depois de uma "guerra de arroz" na hora do intervalo.
A Diretoria de Ensino de Mogi das Cruzes informou que "a direção da Escola Estadual Professora Sylvia Mafra Machado não acionou a polícia na tarde da última segunda-feira (26). A unidade de ensino possui parceria com a Ronda Escolar, que passava pelo local na hora do episódio. A equipe da escola está à disposição para colaborar com as investigações."
A Polícia Militar foi procurada e informou que a posição seria dada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública.
A Secretaria de Segurança divulgou informação diferente da diretoria de Ensino de Mogi: que os policiais militares foram chamados por causa da vandalismo. "O 2º DP de Mogi das Cruzes instaurou inquérito policial para apurar o caso. Na ocasião, a Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência de vandalismo em uma instituição de ensino, em Mogi das Cruzes. No local, os militares identificaram o tumulto e contiveram a confusão", detalhou em nota.
A Secretaria informou ainda que a Polícia Civil vai investigar a conduta dos policiais por meio de um inquérito de abuso de autoridade que já foi instaurado. O G1 conversou com uma mãe que tem dois filhos que estudam na unidade, uma menina de 13 anos e um menino de 14 anos.
O horário de aula deles é das 13h às 18h20. Segundo ela, por volta das 16h desta segunda-feira, a filha da vizinha, que também é aluna na mesma escola, ligou dizendo que seu filho havia sido agredido. "Eu fui correndo para lá, quando cheguei, vi o policial puxando a minha filha pelo cabelo. Eu tentei entrar na escola, mas o portão estava fechado", relata a mãe.
Para conseguir entrar na unidade, ela e outros pais tiveram de pular o muro dos fundos da escola. "Foi a pior cena da minha vida ver a minha filha apanhando daquele jeito de um policial militar, fora que hoje eles estão psicologicamente abalados. Meu filho tem problema nos rins e faz tratamento em São Paulo, toda hora ele lembra que o policial chamava ele de lixo", conta.
Ela disse ainda que perguntou à filha se era comum este tipo de atitude dentro da escola, tanto da guerra de arroz quanto da polícia, e ela contou que não. "Ela disse que tem desentendimento entre os alunos, mas que a diretora geralmente chama os pais dos envolvidos e resolve, agora assim com a polícia nunca aconteceu", afirma a mãe.
A mãe de outra aluna disse que foi na companhia da avó da adolescente até a escola quando a filha, de 13 anos, ligou desesperada dizendo que a polícia estava agredindo os alunos, porque alguns estudantes fizeram guerra de arroz no intervalo.
"Quando eu cheguei lá, pedia para a diretora abrir o portão, mas ela não abria. Depois os alunos disseram que ela foi omissa. Eu pulei o muro dos fundos e peguei o meu irmão e a minha filha. Mas aí o policial veio e deu uma cotovelada no pescoço do meu irmão e um murro no peito da minha filha", conta.
A avó diz que foi agredida pelo policial quando tentou gravar o que estava acontecendo. "Eu tenho problemas de pressão alta e diabetes. Fui parar no hospital com eles, porque eu fiquei muito nervosa e o policial me agrediu quando eu estava filmando ele", enfatiza.
Os caso foi registrado como lesão corporal e ameaça no 2º DP de Mogi das Cruzes, onde foi requisitado exame de corpo de delito para as vítimas.