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Sex, 06 de Setembro 2013 - 14:55
Do G1 Vale do Paraíba e Região
Uma criança de dez anos quase perdeu as pontas dos dedos na tentativa de apartar uma briga na escola estadual Major Hermógenes, em Cruzeiro, SP. O caso, que ocorreu no fim de agosto, é um dos exemplos citados por pais e professores da escola, que reclamam da violência e as constantes brigas entre os alunos na instituição de ensino. Os responsáveis pelos estudantes afirmam que faltam providências e atenção para os problemas escolares.
De acordo com o pai do aluno, Eduardo Alves, o filho tentava acabar com uma briga entre estudantes, quando a inspetora de alunos teria fechado a porta sem querer nos dedos dele. Ele perdeu as unhas e teve que dar pontos no ferimento. Ao invés de encaminhar o menino para o pronto-atendimento, a diretora mandou chamar o pai.
"Por pouco ele não perdeu a ponta dos dedos. Acho que a prioridade seria o socorro para ele e depois entrar em contato com os pais de uma maneira mais tranquila para que os pais não ficassem tão nervosos como eu fiquei. A indignação maior por parte da escola que ainda não se manifestou em nada", afirma Eduardo Alves.
O filho de Eliete Adriano também se envolveu em uma briga e sofreu agressões no rosto. Ele ficou com hematomas e inchaço em um dos olhos. "Foi na hora do recreio, um dos alunos bateu nele. Tem a filmagem da escola, mas cortaram a filmagem. O que mostraram para mim foi só o momento que meu menino caiu no chão, mas quando ele foi agredido antes, ninguém fez nada", reclama.
A professora Sandra Nogueira, inconformada com a falta de medidas disciplinares da direção, acionou o Ministério Público da cidade. Na representação, ela denuncia ocorrências de agressões e uso de drogas dentro da escola e pede que os fatos sejam apurados. O pedido foi protocolado em novembro de 2012 e a promotoria instaurou um procedimento preparatório de inquérito.
"Adolescente precisa de medidas, precisa conversar com todos eles, orientar, educar, ensinar mas não há isso lá (na escola). nem sempre há punição, há uma tendência de se calar diante de tudo. A diretoria de ensino deveria intervir nisso para ajudar a resolver a situação. Eu não quero mais, eu estou cansada de ver meus alunos serem feridos, agredidos e nada acontecer", afirmou a professora.
As brigas na escola também foram levadas ao conhecimento da diretora de ensino regional, em Guaratinguetá. Três requerimentos solicitando a apuração dos fatos foram feitos, mas todos os pedidos foram arquivados.
Outro lado
A reportagem da TV Vanguarda procurou o Ministério Público, mas o promotor responsável pelo caso não estava e ninguém soube informar como está o inquérito. A diretora da escola Major Hermógenes não quis falar sobre o assunto, mas por telefone disse à produção da TV Vanguarda que as brigas entre estudantes são corriqueiras e que não há violência na instituição de ensino.
A dirigente regional de ensino, Angela Escobar Baesso, negou a informação dada pela direção da escola de que as brigas são comuns. "Não é corriqueiro (briga na escola). São fatos isolados e lamentáveis. Sobre o caso do menino com hematoma no rosto, nós abrimos o processo de apuração preliminar, foi resolvido e está sendo encaminhado à Casa Civil em São Paulo", afirmou.
A dirigente afirmou também que a escola conta com uma professora mediadora e que ela atua na solução de conflitos. Sobre o caso do filho de Eduardo Alves, ela disse que o caso será apurado.
"Fizemos uma reunião com a diretora e a funcionária envolvida nesse acidente lastimável do menino que teve o dedo com a unha cortada. Abrimos procedimento para apurar os fatos e tomar as medidas cabíveis. (Sobre o atendimento) os primeiros socorros foram dados. O enfermeiro deu um socorro de apenas limpar o local, porque a gente não tem autorização para mexer e fazer socorro. Tem que estar com o responsável para levar ao pronto-atendimento", justificou.