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Ter, 04 de Junho 2013 - 14:17
Em Brasília, bandidos surpreendem os estudantes de classe média no horário da saída. Os alvos são os celulares e tablets. Eles aproveitam a distração dos alunos para assaltar.
São estudantes de ensino médio. Muitos levam para a escola smartphones e tablets. A polícia não tem uma estatística específica para esse tipo de crime. Assaltos contra estudantes entram na lista de furtos e roubos em geral.
Anna Christina não consegue esquecer. Por duas vezes, o caçula da família, de 16 anos, foi assaltado na porta da escola e ficou sem celular. As providências não demoraram. “Agora nós demos um celular bem antigo, que não chame a atenção. Leva dinheiro no bolso. Só o dinheiro do lanche, não leva a carteira com documento”, diz Anna Christina Vianna Motta, mãe do estudante.
Os roubos nas proximidades das escolas, principalmente as da rede privada, têm assustado alunos, pais e professores. A maioria acontece entre meio-dia e duas da tarde, período em que os alunos deixam a escola para almoçar ou lanchar.
Brunna ainda lembra da violência que sofreu. “Eu estava falando com minha amiga, eles chegaram por trás, me deram uma chave de pescoço, pegaram meu celular e falaram que se eu gritasse que eu iria morrer”, conta a estudante Brunna Mainier.
Com tantos casos, os alunos aprendem a se virar, pra evitar os roubos. “Por exemplo, você está com a calça, bota o celular na meia, porque aí não dá para ver se você está ou não com o celular”, declara o estudante Alexander Vieira.
Um diretor diz que os roubos são assunto constante nas escolas. “Todas as escolas da Asa Sul, a gente vê isso, da Asa Norte, a gente vê isso, a história se repete”, declara Ari Peixoto, diretor.
A Secretaria de Segurança não tem estatísticas sobre o número de roubos de celulares e tablets em áreas próximas às escolas do Distrito Federal. O batalhão de policiamento escolar nega que esteja havendo aumento deste tipo de caso. Mas o comandante do batalhão reconhece: muitas vezes os roubos não são registrados.
O tenente-coronel Sousa Lima diz que os alunos devem evitar mostrar os equipamentos eletrônicos ostensivamente. E que andar em grupos diminui a possibilidade de roubos. “Os casos de abordagens a menores acompanhados são quase inexistentes. Agora menores andando sozinhos são vários”, declara o tenente-coronel Sousa Lima, comandante do Batalhão Escolar.
Para Anna Christina, a situação é tão grave que só resta uma outra solução. “Primeiro rezar para não acontecer, e rezar, se acontecer, rezar para que fique tudo bem. Não aconteça nada de mal”, diz ela.
Alguns professores têm orientado alunos a usar um casaco quando saem da escola para esconder o uniforme, que pode ser um chamativo para os bandidos.
O Batalhão Escolar tem 470 policiais para vigiar 1.090 escolas.
A violência é um problema em todas as regiões. E, muitas vezes, os agressores estão dentro das escolas. O uso de drogas e as brigas entre os alunos são algumas das causas da violência.
Em São Paulo, uma pesquisa divulgada pelo Sindicato dos Professores do Estado mostrou que quase a metade dos professores já foi agredida dentro dos muros da escola.
Uma pesquisa feita pela entidade que representa os professores, com 1.400 professores em 167 cidades do Estado de São Paulo, aponta que 44% dos professores dizem já ter sofrido algum tipo de violência. 57% dizem que a escola é um lugar violento e, entre as agressões que 84% dos professores afirmam já ter presenciado, 74% falam em agressão verbal, 60% em bullying, 53% em vandalismo e 52% em agressão física.
A Secretaria Estadual da Educação não reconhece a pesquisa. Ela acha que o número de professores ouvidos, menos de 1% dos 218 mil professores, é pequeno. E informa que desde 2010 trabalha com a figura do professor mediador para resolver os conflitos.
Em Fortaleza, a Secretaria de Educação fez um mapa das escolas mais perigosas.
Esse mapeamento já identificou 36 escolas consideradas de “alto risco”. Essas instituições vão ser as primeiras a receber medidas, como palestras e atividades educativas de combate às drogas e à violência. Em uma dessas escolas, os alunos provocaram tumulto nos últimos dias. Um deles teria desacatado um policial convidado para falar em sala de aula. O rapaz teria recebido voz de prisão. Revoltados, os alunos ocuparam o pátio, chutaram portas e ainda queriam agredir a professora. Dois alunos foram transferidos e uma sofreu expulsão. A diretora da escola foi exonerada depois do tumulto.
Para evitar cenas como essa, a Polícia Militar mantém um programa de resistência às drogas e à violência nas escolas públicas e também particulares.
Em Salvador, os roubos estão entre as reclamações de alunos e professores.
Por causa da violência, uma escola chegou a ser interditada na periferia de Salvador. Três homens armados pularam o muro de uma escola, eles entraram nas salas de aula e saquearam alunos e professores. O susto foi grande e as aulas foram suspensas durante 10 dias.
Outro problema são as brigas entre as meninas. Elas se desentendem por causa de namoro, ciúmes, mas chegam a agressões físicas.
Um levantamento feito pela Associação de Professores da Rede Pública da Bahia mostra que chega a 42 o número de ocorrências policiais nas escolas em salvador, este ano.
Veja aqui a reportagem completa exibida nesta terça-feira no Bom Dia Brasil:
TV Globo / Bom Dia Brasil - 04.06