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Seg, 03 de Junho 2019 - 19:34

Professor diz ter sido agredido por aluno de 13 anos em escola: "Pesadelo"

Eduardo Schiavoni - Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP) - 31.05

 
 
Um professor de história de 29 anos afirmou ter sido agredido física e verbalmente por um aluno de 13 anos em uma escola da rede estadual em Cravinhos (SP). De acordo com a vítima, outros alunos presenciaram o momento em que o docente levou um soco e incentivaram a ação com gritos e xingamentos. O docente reclama ainda de falta de suporte da escola e afirma que teme ser alvo de novas agressões. As identidades dos envolvidos serão preservadas pela reportagem.
 
Segundo a vítima, os alunos estavam na quadra do colégio, na tarde de quarta-feira (29), quando um dos estudantes tentou pular o muro, mas foi repreendido pelo professor. Momentos depois, o adolescente começou a importunar uma de suas colegas de escola, segurando-a pelo braço. Novamente interpelado pelo docente, o menor partiu em sua direção, desferindo um soco em seu braço.
 
"Havia outros alunos no local e, ao perceberem que eu tinha sido agredido, começaram a me ofender. Dois deles ficaram me xingando e dizendo ao menino que me bateu para ele me arrebentar", diz o docente, que relatou o caso à direção da escola e decidiu registrar boletim de ocorrência. "Quando percebi que a escola não fez nada sobre o caso, resolvi eu mesmo fazer", conta.
 
O professor começou a dar aulas na Escola Estadual Professor Fernando de Campos Rosas, em Cravinhos, em fevereiro deste ano. "Desde então, sofro com isso. Essa escola é um pesadelo", afirma ele, que relata ter sido agredido verbalmente pelo aluno outras vezes.
 
É recorrente. Comuniquei o fato, mas ele não parou. Agora me bateu. Honestamente, não sei onde isso vai parar...Lá eu vivo o terror. Se eu pudesse sair de lá, ser transferido, seria um sonho
 
Professor que diz ter sido agredido por aluno
 
O educador relata que atua na rede estadual há sete anos, mas nunca viveu uma situação desse tipo. "Nunca houve essa falta de respeito. Sempre me trataram com educação, sempre consegui dar minha aula", explica. Para ele, um dos problemas é a falta de funcionários na unidade, o que leva os professores a assumir tarefas que não são deles. "A escola está sem inspetor de alunos, por exemplo, e por isso fui até a quadra impedir que alunos pulassem o muro", afirma.
 
Ele alega se sentir desamparado pela escola, que não o teria procurado após a denúncia. "Até hoje a diretora não entrou em contato comigo. Até ontem, o menino não tinha sido suspenso. Então eu temo sim ser agredido e acho que corro até mesmo risco de morte. A escola nem sequer quis saber de mim. Ninguém ligou para saber sobre o que houve. Tive que tomar minhas providências", diz o professor, que segue atuando normalmente na unidade.
 
De acordo com Fátima Fernandes, conselheira regional da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), a entidade recebeu a denúncia e está prestando apoio ao professor. "Infelizmente, esse tipo de ocorrência vem se tornando rotineira dentro das escolas públicas sem que nenhuma providência seja tomada pelo governo, o que acaba prejudicando o desempenho dos professores nas suas funções e, consequentemente, causando prejuízo à aprendizagem do aluno", diz.
 
Outro lado
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Educação afirmou que está investigado o caso e que condena qualquer ato de agressão. "A direção da unidade está apurando o ocorrido para tomar todas as providências cabíveis. A Diretoria Regional de Ensino de Ribeirão Preto repudia todo e qualquer ato de violência dentro e fora do ambiente escolar". A entidade também explica que a escola "conta com professor mediador que trabalha na resolução de conflitos e incentivo à cultura de paz".
 
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