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Qui, 27 de Setembro 2018 - 16:15

Professor ofendido com bilhete diz à polícia que atos homofóbicos são recorrentes

G1 - 26.09 - Mirela Von Zuben, G1 Campinas e Região

 
 
 
 
Docente de português do Cotuca, vinculado à Unicamp, recebeu a carta na última semana; imagem mostra texto pela 1ª vez.
 
O professor do Colégio Técnico de Campinas (Cotuca), vinculado à Unicamp, prestou depoimento à Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (26). Há uma semana, ele recebeu um bilhete com mensagens racistas e homofóbicas.  A mensagem foi digitada em um computador. Nela, o autor evidencia a cor de pele e a orientação sexual do profissional e deixa claro o desconforto com a presença dele: "Caro professor, Vai ae uma dica... Você é preto e viado... a sala de aula não é o seu lugar!!!  #sódizemosverdades #cotucalivre #naoideologiadegenero"
 
O professor
Arnaldo Rodrigues de Lima é professor substituto de português no colégio. Em entrevista à EPTV, ele contou sobre o sentimento que permanece depois do ocorrido. "Acho que o nosso papel, enquanto professor, é levar uma conscientização para os alunos de que isso não pode acontecer".
 
"É um impacto muito forte receber uma agressão desse tipo", diz o professor ofendido.
O docente pede que a identificação do suspeito aconteça. "Falando pessoalmente, enquanto Arnaldo, eu não gostaria de olhar para a cara do meu agressor, mas acho que, se for possível ser identificado, isso tem que acontecer sim".
 
Depoimento à polícia
De acordo com André Schmutzler Moreira, delegado titular do 4º DP de Campinas (SP), o professor já havia percebido ações de cunho preconceituoso de alguns alunos durante uma aula.
 
"Tempos atrás, ele viu alguns sorrisos e notou que alguns alunos estavam imitando o jeito dele, por ser homossexual", conta o delegado Moreira.
O delegado conta que, na época, a vítima levou o fato ao conhecimento da administração do colégio, que teria falado com os alunos posteriormente.
 
A Polícia Civil abriu inquérito nesta terça-feira (25) para apurar as ofensas. De acordo com o delegado, a natureza da investigação será o artigo 20 da Lei de Crime Racial 7716/89, que trata de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião e procedência nacional.
 
Câmeras de segurança
Moreira pediu ao Cotuca imagens de câmeras de segurança que possam ajudar a identificar quem realizou o ato. "O escaninho, onde foi deixada a carta, fica acessível a todo mundo. Pedi cópias das gravações e solicitei que o colégio indique quem são os alunos que teriam sido chamados pela atitude feita com o professor anteriormente".
 
O delegado afirma ainda que o Cotuca não pode ser responsabilizado pelo crime, que é de cunho pessoal. "Vamos verificar se foi uma ou mais pessoas que realizaram a ação", finaliza.
 
Ao G1, a Unicamp informou que o Cotuca abriu um processo de sindicância interna para apurar o fato, inclusive, sobre as imagens. Ele já está em andamento e ocorre em sigilo, afirma a universidade.
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