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Seg, 08 de Abril 2013 - 14:07
Maria de Fátima, professora de uma escola estadual de São Paulo, ficou com o olho roxo depois que um aluno jogou uma lixeira no rosto dela dentro da sala de aula. Ela contou que é normal os alunos apagarem as luzes da escola para causar confusão e até praticar roubo. Foi em um desses apagões que um aluno atingiu a professora.
Há sete anos no magistrado, Maria de Fátima disse que desde que começou a trabalhar como professora vê manifestações de violência. “Como eu tenho pouco tempo, acho que já comecei nessa pequena violência e a cada dia que passa está aumentando”, analisou ela, que escolheu a profissão porque gostava de ensinar, mas não aconselha que os filhos sigam seu caminho: “A minha filha faz Biomedicina e não pensou em ser professora. Ela falava: ‘Para sofrer igual a você e o meu pai, Deus me livre’”.
A professora agredida admitiu que pede proteção antes de sair de casa para dar aula: “A gente sempre ouve falar do outro, mas nunca espera que vai acontecer com você. A gente tenta sair e deixar o medo em casa, mas é muita insegurança. Eu já saio de casa rezando”.
Liberdade demais cria uma geração de pequenos tiranos sempre insatisfeitos
Segundo Ana Beatriz Barbosa, especialista em comportamento, os pais, a sociedade e a cultura são responsáveis por esse aumento da violência. Ela explicou que a antiga educação tirana, em que as crianças não tinham direito nenhum, se inverteu completamente.
“Tudo o que tinha de valor na antiga educação, radicalizou de uma tal maneira que deram para as crianças uma educação tirana. Os pais deixam os filhos fazerem tudo. Eles estão deixando para as crianças escolherem, sem senso crítico. Eles estão chegando para os professores sem limites e sem regras”, considerou. “Criamos pequenos tiranos, uma geração que não se satisfaz com nada. Se você quer ter filho, tem que saber que não vai ter um amiguinho. É importante saber que ser pai e mãe dá trabalho”, ressaltou Ana Beatriz.
A docente Maria de Fátima contou que nas escolas estaduais de São Paulo os alunos não estão interessados nas aulas pois não precisam frequentá-las e nem tirar notas boas para passar de ano. “Os alunos vão à escola para barbarizar. Para criar confusão, filmar e colocar na internet”, comentou Ana Beatriz.
Mais Você - 08/03/2013