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Observatório da Violência

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Sex, 28 de Junho 2013 - 14:04

Professores são reféns da violência

BOM DIA colhe desabafo e histórias de duas educadoras que conhecem a fundo a rede estadual de ensino

A rede estadual de ensino conta com mais de 230 mil professores, entre efetivos e temporários. Deste montante, de acordo com a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), 44% dos docentes já sofreram algum tipo de violência dentro da unidade escolar na qual trabalham. A partir daí, o BOM DIA coletou o depoimento de duas professoras da rede estadual: uma delas se sente refém da violência e a outra desistiu do sonho de lecionar pelo medo.
 

Desânimo

“Há sete anos atuando em escolas, percebo que a cada ano que passa fica mais difícil. O conteúdo curricular não é atrativo, a família está desestruturada, então falta educação e respeito”, avalia uma professora de 27 anos, que optou por não se identificar. Em momentos violentos e de conflito na escola, a professora diz que interrompe a aula para passar conceitos de ética e de cidadania aos alunos. E, apesar de tudo isso, os pais que dependem do auxílio federal (Bolsa Família) sabem que a escola não irá expulsar as crianças e alegam que não sabem o que fazer com os filhos. “A violência bate em todas as escolas.

O próprio professor é refém dela e desiste das aulas, pede remoção, vai para a escola a pé, por medo de vandalismos com seu veículo”, lamenta. A docente encerra seu depoimento dizendo que irá continuar na área da educação até encontrar algo melhor. “Não acredito que o nível de alfabetização e aprendizado melhore no futuro, pois a escola é tratada como um depósito de crianças.”

Desistência

O amor por ensinar levou uma funcionária pública de 28 anos a tornar-se professora. Formada há 5 anos, ela se especializou na área de educação especial. “Não tenho como descrever meu imenso prazer em ensinar, em ver os alunos aprendendo, crescendo e evoluindo”, conta. Porém, sua visão sobre o ensino mudou conforme foi conhecendo melhor a rede estadual. “Comecei a ficar chocada ao vivenciar o cansaço, o estresse, a falta de estímulo e de respeito, a violência diária que amigos estavam passando”, explica a docente. Mas a desistência foi fundamentada no pedido de seus pais, após uma amiga professora ser agredida e hospitalizada. Hoje, ela trabalha em outra área. “Estou triste e com muito medo, pois amo ensinar, mas não dá mais”, desabafa.


Adriane Souza  - Bom Dia ABCD  - 27/06/2013

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