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Seg, 02 de Dezembro 2013 - 14:29
Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (28) mostra que 19% dos alunos da rede pública estadual de São Paulo (mais de um em cada cinco estudantes dos ensinos fundamental e médio) admitiu ter praticado algum ato de violência dentro da escola. No questionário, 57% dos pais de alunos afirmaram que, na hora de educar seus filhos, "uns tapas de vez em quando são necessários".
Realizada pelo Instituto Data Popular, em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a pesquisa "Percepção dos professores, alunos e pais sobre a violência nas escolas estaduais de São Paulo" ouviu 1.400 professores entre janeiro e março deste ano e 700 alunos e 700 pais de alunos entre outubro e novembro, com o objetivo de traçar um perfil sobre os casos de violência escolar.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informa que "a pesquisa citada ouviu somente 0,6% dos 230 mil professores atuantes nas escolas estaduais e que os números não refletem a realidade da rede estadual paulista. A ação permanente da Pasta é para o envolvimento da comunidade escolar na prevenção de um problema social complexo como a violência. Todas as medidas que competem à educação são realizadas de forma constante". Ainda de acordo com a Secretaria, quase 3 mil professores-mediadores atuam para identificar vulnerabilidades e traçar ações preventivas.
Entre os alunos entrevistados, 15% deles disseram que já cometeram alguma agressão verbal dentro da escola, e 10% admitiram terem praticado alguma agressão física. As outras formas de violência admitidas pelos estudantes foram discriminação (2%), bullying (1%) e violência sexual (1%). De acordo com a pesquisa, 80% dos alunos disseram que nunca praticaram violência escolar, e 1% dos entrevistados não respondeu à pergunta.
Do total de pais de alunos que participaram da entrevista, 10% e 5% relataram que seus filhos foram autores de agressão verbal e física na escola, respectivamente.
Ao serem perguntados sobre os métodos de educação em casa, 82% concordaram em parte que a violência fora da escola influencia a violência dentro dela. Além disso, 57% deles admitiram que, na hora de educar seus filhos, "uns tapas de vez em quando são necessários", e 6% deles disseram que "tem criança que só aprende apanhando". Segundo a pesquisa, 30% dos pais afirmaram que bater em crianças é errado em qualquer situação.
A falta de educação, respeito e valores foi apontada como motivo do problema por 74% dos professores ouvidos pelo Data Popular, mas cerca de metade dos docentes atribui a origem da violência à educação praticada em casa (49%) e a problemas familiares ou à postura dos pais (47%). Já os pais apontam como principais fatores as drogas e álcool (49%), conflitos entre alunos (42%), educação em casa (38%) e falta de policiamento (30%). Os alunos também apontam estes quatro fatores, sendo o conflito de estudantes o principal deles.
Briga entre alunos são frequentes
Ao serem perguntados sobre casos de violência dentro da escola no último ano, 81% dos professores, 51% dos pais e 77% dos alunos deram uma resposta positiva. Pelo menos metade dos docentes afirmaram que houve agressão verbal, bullying, vandalismo e agressão física em suas escolas no período. De acordo com os alunos, agressão física, agressão verbal e bullying são os casos de violência que mais aconteceram.
Já 49% dos pais que participaram da pesquisa alegaram que não tiveram conhecimento de nenhum caso de violência nas escolas onde seus filhos estão matriculado.
Segundo a pesquisa, 79% dos professores e 76% dos alunos disseram que brigas entre alunos acontecem sempre, frequentemente ou às vezes, e 68% dos professores e 63% dos discentes afirmaram que casos de alunos que xingam professores acontecem com a mesma frequência. Para os alunos, o problema de violência que ocorre com mais frequência é a ameaça entre colegas.
Menos da metade dos entrevistados, porém, admitiu ter sido vítima de algum tipo de violência escolar: 39% dos professores e 16% dos alunos afirmaram terem sofrido agressão verbal, um em cada dez alunos disse ter sido vítima de bullying, e 10% dos pais afirmaram que sofreram algum tipo de agressão física dentro da escola dos filhos.
O governo de São Paulo lançou este ano um kit anti-bullying com seis apostilas para professores, diretores e alunos sobre conscientização e combate do bullying nas escolas. Em março, o governo paulista lançou o "programa de vigilância eletrônica" em todas as escolas estaduais da Grande São Paulo e das regiões de Campinas e Baixada Santista para a instalação de alarmes e câmeras em mais 597 unidades escolares e oito diretorias regionais de ensino da Região Metropolitana de São Paulo até o final do ano.
Sensação de insegurança
A sensação de insegurança dos entrevistados é desigual em se tratando das escolas localizadas no centro das cidades e das instituições na periferia, diz a pesquisa. Enquanto 26% dos professores, 41% dos pais e 56% dos alunos que estudam nos centros dizem que não se sentem seguros no entorno de suas escolas, esse número sobe para 41%, 57% e 60%, respectivamente, em se tratando de escolas da periferia.
De acordo com os dados, coletados a maioria dos professores, pais e alunos concordaram que as salas de aula têm alunos demais e que, apesar de as escolas controlarem a entrada e saída de alunos e pessoas, cerca de metade dos entrevistados disseram que suas escolas não contam com policiamento no entorno e não abrem para a frequência da comunidade nos fins de semana.
A maior parte dos professores (60%) disse que suas escolas promovem campanhas para conscientizar a comunidade escolar a respeito da violência, mas os números apontam que essas ações têm pouca ressonância com outros atores: 81% dos pais e 83% dos alunos afirmam que em suas escolas não há nenhuma campanha contra a violência.
A interação dos pais também se revelou pequena com outros pais de alunos, já que 71% afirmaram que não interagem nunca, ou interagem raramente, com outras famílias com filhos matriculados no mesmo colégio.
Sobre a pesquisa
A pesquisa do Data Popular e da Apeoesp coletou dados tanto na capital paulista e na Grande São Paulo quanto nas regionais da Secretaria de Estado da Educação em Bauru/Marília, Campinas/Piracicaba/Sorocaba, Baixada Santista/Vale do Ribeira, São José dos Campos/Vale do Paraíba, Ribeirão Preto/Araraquara, e São José do Rio Preto/Araçatuba/Presidente Prudente.
Veja a íntegra da nota da Secretaria de Educação de SP
"A Secretaria da Educação do Estado informa que a pesquisa citada ouviu somente 0,6% dos 230 mil professores atuantes nas escolas estaduais e que os números não refletem a realidade da rede estadual paulista.
A ação permanente da Pasta é para o envolvimento da comunidade escolar na prevenção de um problema social complexo como a violência. Todas as medidas que competem à educação são realizadas de forma constante. Em três anos, a oferta do professor-mediador, um educador capacitado em parceria com o Ministério Público, para identificar vulnerabilidades e traçar ações preventivas, mais do que dobrou chegando a 2.884 profissionais atuantes.
Além disso, o Sistema de Proteção Escolar da Pasta articula programações nas mais de 5 mil escolas, com técnicas de justiça restaurativa e mediações de conflito oferecidas no ambiente escolar, em conjunto com as famílias.
As escolas da rede estadual contam ainda com reuniões bimestrais entre pais e professores e com o Escola da Família, programa que mantém abertas 2.300 unidades de ensino aos finais de semana, com atividades gratuitas e culturais para toda comunidade.
Vale salientar que a Educação atua em parceria com a Polícia e com a Ronda Escolar, acionada sempre que necessário, para garantir a segurança nas intermediações das escolas."
G1 - 28.11