Seg, 02 de Outubro 2017 - 17:18
Uma agressão a professor por mês
Por: PEDRO HEIDERICH - TodoDia - 30.09
O número de casos de agressões a professores dentro de escolas estaduais caiu na RMC (Região Metropolitana de Campinas), segundo dados da Secretaria de Educação de São Paulo. Foram 25 casos de janeiro a agosto do ano passado contra oito no mesmo período deste ano, uma queda de 68%. Para a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), os dados não representam a realidade. Diretora da subsede do sindicato em Americana, Zenaide Honório, afirma que o medo de represálias, seja por parte do agressor, da comunidade ou gestão da escola, faz com que a maioria dos docentes vítimas de violência dentro da sala de aula não denunciem.
"Não representa a realidade de forma alguma (os dados). Pelo contrário, os casos aumentaram na região. Ainda mais agora, com as redes sociais, fica fácil perceber isto (...) Recebemos denúncias de que os professores são induzidos a não denunciar. Se não tem boletim de ocorrência, não tem estatística. Mas chega para a gente, professores abalados", afirmou Zenaide.
A sindicalista aponta que uma prova de que as agressões aumentaram é a contratação de um escritório para dar auxílio aos profissionais. "Tivemos que contratar um escritório este ano para atender a questão criminal no âmbito do trabalho, quando o professor é agredido dentro do ambiente de trabalho", afirmou.
Ela relatou casos em que ocorreram represálias. "Temos, inclusive, dois casos que não vou divulgar para preservar os professores, de represálias. Um resultou em demissão e o outro em processo. E isso tem aumentado aqui na nossa região. Contribui para deixar os professores ainda mais inseguros em denunciar", continuou.
COMISSÃO
A diretora da Apeoesp em Americana afirma que o sindicato dá apoio político e jurídico para as vítimas. "Criamos uma comissão para discutir a forma de ajudar a pensar as políticas públicas na gestão democrática, fizemos campanhas. Tem que envolver a comunidade, dialogar com ela. Só assim diminuirão os casos de violência nas escolas", apontou.
Ela cita a importância do Conselho Tutelar. "Tem que estar junto. Não para acobertar erros, mas para auxiliar. A criança tem que saber que terá uma consequência se ela aprontou, tem que ser responsabilizada. Senão vai fazer de novo. Tem que saber que está errado. Mas não uma punição, e sim uma conversa. Temos também que buscar uma escola de qualidade", acrescentou.
Segundo Zenaide, a maioria das agressões é verbal. "O aluno reproduz o que faz, o que vê lá fora. A criança que já é agredida em casa e fora, dentro da escola vai reproduzir isso. É o reflexo. Não é o muro da escola que vai mudar isso. Portanto, isso tem ocorrido bastante, estas agressões verbais. Isso tem aumentado muito por aqui", completou.