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Seg, 03 de Junho 2019 - 19:31

Violência em escola estadual em SP assusta professores

Portal R7 - 01.06 - Marcos Rosendo

Professor que leciona há 12 anos em escola estadual, em Carapicuíba, denuncia que a violência dentro do colégio tornou-se insustentável
 
A sala de aula de uma escola de Carapicuíba, um espaço que deveria ser de aprendizagem, conhecimento e compartilhamento de experiências transformadoras, tornou-se palco de violência.
 
Essa tem sido a rotina na Escola Estadual Maria de Lourdes Teixeira, no bairro Altos da Santa Lucia, em Carapicuíba, na Região Metropolitana de São Paulo, de acordo com os professores que lecionam na escola.
 
A Agência Record teve acesso a vídeos feitos pelos próprios alunos na sala de aula que mostram brigas entre estudantes, ameaças a professores, xingamentos e arremessos de carteiras escolares.  Um dos vídeos mostra os alunos colocando um cesto de lixo no alto da porta entreaberta da sala de aula. O cesto fica escorado na parede.
 
Antes do professor entrar na sala as imagens são cortadas, mas funcionários confirmaram que o cesto caiu na cabeça do docente, assim que ele empurrou a porta.
 
Um professor que leciona há 12 anos na Escola Estadual Maria de Lourdes Teixeira, em Carapicuíba, declara que a violência dentro do colégio tornou-se insustentável. Com medo de sofrer represálias dos alunos violentos, o professor pediu para ter o nome preservado. Ele declarou que a crise na escola se deve, em grande parte, à falta de funcionários.
 
Não há por exemplo inspetores de alunos. Essa função é feita em revezamento pela coordenadora pedagógica, a diretora e a mediadora de conflito. A falta de professores também é um problema crônico. Segundo o docente, não há reposição quando um professor necessita de afastamento por doença.
 
As aulas vagas deixam os alunos ociosos e vão criando um clima de desinteresse pelo estudo. O abandono da escola pode ser notado também pelo descaso em relação ao material básico do aluno que não foi entregue. Até agora os estudantes não receberam uniforme escolar, livros didáticos e apostilas.
 
Um dos vídeos recebidos pela Agência Record mostra uma professora atordoada dentro da sala de aula. Os alunos jogam cadernos pelo ar. Ela grita com a classe, mas a confusão só aumenta. Um aluno encara a professora numa atitude hostil, sai correndo da sala de aula e é seguido por ela.
 
Com a ausência da professora, alguns estudantes começam a jogar as carteiras escolares e cadeiras pelo chão. Cadernos também são arremessados. Em meio à balbúrdia, alguns poucos alunos ficam sentados em suas carteiras.
 
Toda essa violência aconteceu na quinta-feira (30). Uma professora, que dá aula de Português e trabalha na escola há mais de 15 anos, procurou, nesta sexta-feira (31), a Delegacia da Mulher de Carapicuíba e registrou um boletim de ocorrência.
 
Em outro vídeo recebido pela Agência Record duas meninas brigam dentro da sala de aula, uma puxando o cabelo da outra. Enquanto as duas se engalfinham e derrubam carteiras, em meio à luta, os demais alunos filmam tudo com celulares enquanto dão gritos.
 
A professora que estava na sala conseguiu se aproximar e apartar a briga das meninas, que ocorreu no mês de fevereiro, logo no início do ano letivo. Os docentes registraram queixa formal à Delegacia Regional de Ensino de Carapicuíba e à Secretaria Estadual de Educação solicitando ajuda e medidas para restabelecer o ambiente escolar.
 
A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) declarou que está acompanhando os tristes episódios de violência na Escola Estadual Maria de Lourdes Teixeira.
 
Nota Apeoesp
 
"Nós, da subsede de Carapicuíba, já tomamos as providências em relação ao caso ocorrido na Escola Maria de Lourdes Teixeira. O setor jurídico já está encaminhando o caso. Na próxima semana, nos reuniremos com o Dirigente de Ensino e Conselho Tutelar para caminharmos para uma solução. Isso é consequência do abandono da Educação Pública no Estado de São Paulo. É inadimissível que uma escola do tamanho da Maria de Lourdes Teixeira tenha apenas um inspetor de alunos. Toda nossa solidariedade aos professores da Escola Maria de Lourdes Teixeira. Não deixaremos essa história cair no esquecimento."
 
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