Qua, 20 de Fevereiro 2013 - 13:46

Educação em Saúde através de histórias em quadrinhos é tema de doutorado na Unifesp

Para a pesquisadora, o foco nos estudantes sobre temas médicos é muito importante, porque as crianças têm papel fundamental ao despertar a atenção dos pais.

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Os gibis são extremamente eficientes para difundir ensinamentos sobre sono saudável entre crianças em idade de pré-alfabetização. Esta é uma das conclusões da designer Eleida Pereira de Carmargo, que obteve doutorado na Universidade Federal em São Paulo, com a pesquisa "Histórias em Quadrinhos Para a Educação em Saúde".

A pesquisa, desenvolvida na área de Medicina Translacional entre os anos de 2006 e 2012, teve como objetivo desenvolver uma ação direcionada à população infantil por meio de recursos didáticos focados na comunicação visual, em detrimento da alfabética. Esta ação mostrou-se eficaz na informação e prevenção de distúrbios do sono em crianças.

De acordo com a autora da tese, é muito importante ampliar as possibilidades de tratamentos menos invasivas e mais eficazes, principalmente na fase escolar, entre os 6 e 10 anos de idade.

“A história em quadrinhos permite o contato com a informação de forma coloquial e lúdica, havendo indicações de sua eficiência como recurso didático", explica a designer que conquistou o título de doutora em ciências com este trabalho.

Algumas das implicações pediátricas dos distúrbios do sono podem ser de ordem cognitiva, comportamental e física, como déficit de crescimento, dificuldades de aprendizagem, distúrbios comportamentais e hipodesenvolvimento craniofacial, o que atrapalha não somente a saúde física da criança, mas também seu convívio social e educacional.

Os 208 pacientes que participaram da pesquisa são atendidos no Ambulatório de Neurosono da Unifesp e têm problemas como ronco, síndrome da apneia obstrutiva do sono e insônia. A pesquisadora também elaborou três histórias em quadrinhos sobre os distúrbios do sono, que foram adotadas por 548 escolas públicas e particulares com o objetivo de avaliar a eficácia das histórias e o conhecimento prévio dos estudantes sobre o tema.

A recomendação para o uso de histórias em quadrinhos nas escolas está no capítulo dos Parâmetros Curriculares Nacionais dedicado ao ensino da Língua Portuguesa. Nos gibis, as crianças conseguem deduzir o significado das histórias que ainda não são capazes de ler, apenas observando a imagem.

A pesquisa de Eleida Camargo confirma esta tese. Em uma das perguntas (sobre o significado do ronco), antes da leitura, 42,1% disseram que todos roncam e outras 23,4% assinalaram que roncar “não é educado”. Depois de ler os quadrinhos, a percepção sobre o ronco como um sintoma de que algo está errado aumentou e apenas 25,6% dos estudantes disseram acreditar que todos roncam.

O número dos que associaram o ronco à simples falta de educação também diminuiu, passando a 19% depois da leitura do gibi. A longo prazo, problemas como o ronco e a apneia do sono aumentam os ricos de problemas cardiovasculares.

Para a pesquisadora, o foco nos estudantes sobre temas médicos é muito importante, porque as crianças têm papel fundamental ao despertar a atenção dos pais. “A população pediátrica é multiplicadora, as crianças são muito comunicativas, chegam em casa e falam para os pais. Estamos trabalhando preventivamente com uma geração, que vai se tornar adulta. Esse conhecimento vai se perpetuar ao longo do tempo”, conclui.

SERVIÇO: Contatos com Eleida Pereira de Camargo, autora da tese "Histórias em Quadrinhos Para a Educação em Saúde", através do CNPQ: www.cnpq.br