Qui, 06 de Setembro 2012 - 16:18
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A psicanalista Izabel Ramos de Abreu Kisil analisou, em seu mestrado no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da USP, como crianças com diagnóstico de psicose assimilam as informações obtidas no ambiente escolar. “Como você sabe?: o conhecimento e o saber na psicose infantil” é o título da dissertação de 184 páginas, que já está disponível na Biblioteca Digital da Universidade.
A partir dos casos clínicos de dois dos seus pacientes com psicose infantil, a pesquisadora descobriu que crianças psicóticas são capazes de construir um conhecimento muito particular. Em seu trabalho, Izabel Abreu avalia também como acontece a inclusão escolar destas crianças.
“São garotos que produzem o conhecimento de modo particular já que se relacionam com a linguagem e nossas referências culturais de um modo particular também”, explica a psicanalista, referindo-se a iniciativas incomuns entre outros estudantes, como anotar todos os dias a temperatura e traçar mapas e rotas de ônibus.
Uma frase do jornalista francês Gilles Lapouge na introdução do trabalho dá a pista da questão: “Os primeiros geógrafos eram (…) gente que se perdia. Saíam de suas grutas, de suas pequenas moradias, e se perdiam. Daí passaram a rabiscar croquis para entender a situação.”.
Quanto à inclusão escolar desses pacientes, a autora defende a avaliação individual do aluno, já que a presença de uma criança com psicose na sala de aula depende da gravidade de sua condição e do acompanhamento de um psicólogo.
De acordo com Izabel Abreu, algumas crianças com este quadro adaptam-se à rotina escolar, enquanto outras podem se desorganizar muito com as exigências impostas. “O interesse destes pacientes por detalhes, padrões e pela precisão podem fazer deles ótimos pesquisadores”, explica a psicanalista, que destaca a importância do acompanhamento terapêutico.
A inclusão de pacientes com psicose no ambiente escolar é um tema pouco abordado. Por isso, a dissertação de Izabel Abreu pode orientar os professores na percepção de que a construção do conhecimento desses estudantes é diferente do convencional. “Os professores devem ser estimulados a dar sequência às perguntas, às vezes, incomuns, mas que podem conduzir a criança psicótica a diversos outros raciocínios relevantes”, conclui a psicanalista.
SERVIÇO: A dissertação “Como você sabe?: o conhecimento e o saber na psicose infantil”, de Izabel Ramos de Abreu Kisil, está publicada na Biblioteca Digital da USP: www.teses.usp.br