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Qui, 17 de Novembro 2011 - 17:46

Mestrado da Unesp revela que aulas de inglês são ministradas em Língua Portuguesa

A pesquisadora Ana Lúcia Fonseca Ducatti garantiu o título de Mestre em Lingüística Aplicada, pela Unesp de São José Rio Preto, com um estudo de caso que aponta as limitações do ensino da Língua Inglesa na escola pública.

Por: Ana Lúcia Fonseca Ducatti - Mestre em Lingüística Aplicada

Mestrado da Unesp revela que aulas de inglês são ministradas em Língua Portuguesa

A pesquisadora Ana Lúcia Fonseca Ducatti garantiu o título de Mestre em Lingüística Aplicada, pela Unesp de São José Rio Preto, com um estudo de caso que aponta as limitações do ensino da Língua Inglesa na escola pública.

Ao avaliar a interação verbal e a prática do idioma em sala de aula, Ana Lúcia descobriu que as aulas de inglês nas escolas públicas são ministradas em português. As turmas são grandes, os professores mal preparados e com dupla jornada não têm sequer material didático adequado.

A pesquisa surgiu a partir da própria experiência de Ana Lúcia, que é professora em uma escola de idiomas e foi contratada para dar um curso de capacitação na rede pública. Percebendo a insatisfação dos próprios docentes, ela dedicou-se a um estudo de caso: a análise de 20 aulas ministradas por uma professora da rede municipal de São José do Rio Preto para alunos do oitavo ano do ensino fundamental.

A pesquisada, não identificada na dissertação, é formada em Letras, tem curso de especialização, mais de dez anos de experiência e foi indicada pela Diretoria Regional de Ensino para o estudo por ser considerada uma das melhores profissionais da rede pública da sua região.

Mesmo assim, o estudo de caso revelou o fracasso do método adotado nas escolas públicas: o ensino é focado na gramática e não no uso do idioma. A oralidade em inglês é ausente. "Não se pode constatar o uso comunicativo e espontâneo da língua-alvo. A professora ministra a aula quase toda na língua materna, introduzindo o inglês apenas ao ler em voz alta", relata Ana Lúcia.

Durante o estudo, a pesquisadora também constatou a baixa participação dos estudantes. "As salas de aula são numerosas e o material didático, inadequado. Com tudo isso, a professora não tem expectativas e os alunos também não", disse Ana Lúcia, que entrevistou aleatoriamente dez estudantes sobre o conteúdo das aulas.

Eles admitiram que o conhecimento da Língua Inglesa é importante para o mercado de trabalho, mas, demonstrando grande apatia, admitiram que não aprendem nada e até dormem nas aulas.

A conclusão de Ana Lúcia Ducatti é que a formação em inglês oferecida ao próprio educador é deficiente e não privilegia a pronúncia e o sotaque, o que deixa o educador inseguro ao lecionar. “O poder público precisa investir em formação continuada para professores de inglês. Assim, eles aprenderão a introduzir, gradativamente, o uso do idioma em sala”, defende a pesquisadora.

O mestrado faz parte de um projeto da Unesp para a criação de um exame para os recém-formados nos cursos de Licenciatura em Letras no Brasil. O objetivo é estabelecer um parâmetro nacional de proficiência em línguas estrangeiras. O MEC não aplica, atualmente, nenhuma avaliação sobre o ensino de língua estrangeira oferecido no Brasil. Este ano, o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, vai incluir o inglês pela primeira vez em sua prova anual.

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