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Qui, 17 de Novembro 2011 - 18:37

Mestrado de História na USP analisa a tradição oral africana e as raízes do jazz

Uma pesquisa de mestrado realizada no Departamento de História da USP busca as raízes do jazz. Em A tradição oral africana e as raízes do jazz, o pesquisador Ricardo Annanias Pires aborda o gênero que nasceu no início do século XX nos Estados Unidos e que faz sucesso até hoje, com nomes conhecidos no mundo inteiro, como Louis Armstrong, Miles Davis, Nina Simone e John Coltrane.

Por: Pesquisador Ricardo Annanias Pires

Mestrado de História na USP analisa a tradição oral africana e as raízes do jazz

Uma pesquisa de mestrado realizada no Departamento de História da USP busca as raízes do jazz. Em A tradição oral africana e as raízes do jazz, o pesquisador Ricardo Annanias Pires aborda o gênero que nasceu no início do século XX nos Estados Unidos e que faz sucesso até hoje, com nomes conhecidos no mundo inteiro, como Louis Armstrong, Miles Davis, Nina Simone e John Coltrane.

O pesquisador defende que os africanos, presentes em solo americano, pela imposição da escravidão, fundiram seus elementos culturais à cultura local e também à européia, criando uma nova concepção musical. Annanias Pires considera o jazz não apenas um gênero musical de origem americana, já que o ritmo está presente em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, onde se torna renovado devido à riqueza e diversidade cultural do País.

O mestrado foi baseado em um levantamento bibliográfico e documental do gênero, em registros sonoros de cantos africanos e nas primeiras gravações de blues e jazz. As manifestações musicais da África Ocidental, de onde saíam os negros que trabalhavam como escravos nos Estados Unidos, foram o foco da pesquisa, que comparou a forte tradição oral afro e os ritmos que deram origem ao jazz, como o folk e o blues rural.

Ricardo Annanias resgata em seu trabalho a análise do historiador Eric Hosbsbawn sobre o ritmo. Autor de A História Social do Jazz, Hosbsbawn afirma que “o blues, essencialmente, é uma música 'antifônica', na longa tradição africana de canto e resposta. Na verdade, é um dueto entre a voz e o instrumento”.

“A palavra para o africano tem um significado muito importante, pois apresenta o poder de transformar”, explica Pires, que apresenta em seu mestrado hábitos das tribos do oeste africano, que têm um membro que exerce a função de embaixador, músico, genealogista, poeta e historiador, o griot, que tem um canto característico, muito similar ao blues rural americano.

Segundo Pires, “os griots são classificados por duas designações: dieli e doma. O dieli é o grande improvisador que, de forma descompromissada, pode até mesmo exagerar ou suprimir certos fatos narrados para enfatizar algum detalhe de sua música. Já o doma é o grande historiador, dotado de grande precisão nos detalhes de sua narrativa conferindo muita credibilidade.” Ele acredita que do canto do dieli, que improvisa a narração para entreter o público, nasceu o blues.

Nos Estados Unidos escravista do século XVIII, as manifestações culturais dos africanos eram severamente proibidas. Segundo o pesquisador, a única exceção foi o Estado da Louisiana, que até 1803 era colônia francesa, onde as manifestações culturais africanas “eram toleradas e até incentivadas”. Em outros estados onde havia escravos, as referências de identidade do negro com sua terra natal poderiam sugerir algum tipo de movimento de independência dentro do solo americano.

Os cantos representavam uma forma de resistência. O canto do lamento, que hoje conhecemos como blues, é resultado de uma interação do arsenal melódico e declamatório africano com as harmonias européias mais simples, explica descreve Annanias Pires. Este lamento blues surgiu das worksongs e dos cantos entoados durante o trabalho nos campos de algodão e outros trabalhos extenuantes.

O pesquisador já tem um projeto de doutorado para estudar os reflexos da tradição oral africana no Brasil, como o jongo, canto dos escravos, que teria originado o que hoje chamamos de samba de roda.

A dissertação de mestrado A tradição oral africana e as raízes do jazz foram orientadas por Antonia Fernanda Pacca de Almeida Wright, professora do Departamento de História da USP.

Contatos com o autor através do e-mail ricardo.pires@usp.br

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