Qui, 17 de Novembro 2011 - 18:31
Por: Professora Vera Balbino da Silva Ignácio
Mestrado na PUC aborda o ensino da história e cultura afro na visão dos coordenadores
“O ensino da história e cultura afro-brasileira na ótica do coordenador pedagógico” é o tema da dissertação de mestrado que a professora Vera Balbino da Silva Ignácio apresentou em 2008 na PUC de São Paulo.
A professora iniciou o trabalho a partir da constatação de que a inserção do debate étnico-racial no contexto escolar é rara, apesar da Lei 10.639, que trata destes conteúdos, ter sido aprovada em 2003.
“Como professora de escola pública estadual e municipal há 15 anos, deparei-me, inúmeras vezes, com situações de conflito, envolvendo preconceito e discriminação contra minorias”, relata a professora Vera Balbino no início do seu trabalho.
Ações do MEC e o trabalho da APEOESP de edição de boletins dedicados à temática racial são apresentados na dissertação como iniciativas isoladas de aplicação da lei.
A autora relaciona a visão do professor coordenador, acerca de suas possibilidades e limites no trato pedagógico do ensino de matriz africana, no que se refere ao cumprimento deste dispositivo legal. Trata-se de uma pesquisa exploratória, realizada em uma Diretoria Regional de Ensino da cidade de São Paulo. Os dados foram obtidos por meio da legislação educacional federal anti-racismo e de um questionário referente às reivindicações, à cultura e à história do negro no Brasil.
A pesquisa foi aplicada a dez professores-coordenadores, que analisaram a articulação entre a legislação educacional, práticas pedagógicas e relações raciais. Após a coleta de dados, constatou-se que as possibilidades trazidas pela legislação educacional devem ser acompanhadas de condições sociais, educacionais e individuais.
Iniciativas isoladas
“O MEC elaborou uma cartilha com a Lei 10.639/03 com seus pareceres, e enviou a todas as escolas. A APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) promove formação esporádica e distribui folhetos principalmente por ocasião das comemorações de 20 de Novembro, como passeatas comemorativas”, informa a autora sobre os materiais oferecidos para complementação educacional sobre o tema.
Vera Balbino conclui que as iniciativas que ocorreram na rede pública de ensino de São Paulo provocaram discussões esporádicas e isoladas, mostrando-se insuficientes para consolidar uma prática pedagógica preocupada com a excelência em termos da diversidade cultural. Por isso, os professores coordenadores ainda não perceberam a importância pedagógica da Lei nº 10.639 e, portanto, não reconhecem a legitimidade desse documento.
“Nem todos os professores coordenadores que participaram dos cursos de formação conseguiram levar adiante a discussão e transformá-la em prática. Modificar essa condição, de modo a implantar essa temática e dirimir o preconceito, visível ou velado, que se mantém na sociedade brasileira, mostra-se um desafio que deve ser trilhado tanto pela subjetividade, quanto pela prática pedagógica”, finaliza a autora, que agora é Mestre em Educação: História, Política e Sociedade.
Para ter acesso à integra da dissertação “O Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira na Ótica do Coordenador Pedagógico”, entre em contato com a autora através do e-mail eko_axe@yahoo.com.br