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Qua, 03 de Abril 2013 - 19:28

Mestrado na Unesp confirma: Professores de Física desistem de lecionar por causa do salário e das más condições de trabalho

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Um em cada quatro professores de Física desiste de lecionar; ou seja, 25% do quadro da disciplina. A constatação é do pesquisador e professor Sérgio Rykio Kussuda, autor da dissertação "A escolha profissional de licenciados em Física de uma universidade pública", apresentada no seu Mestrado em Educação Para a Ciência na Unesp, em 2012.

Muito além, da teoria, Sérgio conhece bem o objeto de seu mestrado. Graduado em Fisica em 2009, atualmente é Professor de Educação Básica II na rede estadual de São Paulo e, em suas pesquisas acadêmicas, atua nos seguintes temas: ensino de física, políticas educacionais, memórias de professores, formação de professores de física e destino profissional.

Durante o trabalho para o mestrado, o pesquisador rastreou a carreira da maioria dos alunos formados no curso de licenciatura do campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (Unesp) entre 1991 e 2008, com o objetivo de descobrir o destino profissional do grupo.

A maioria dos egressos da Unesp começou a lecionar na Educação Básica, mas uma parcela considerável desistiu da profissão. A questão salarial é crucial. As bolsas de pesquisa de pesquisa de mestrado e doutorado são mais altas que o valor pago para lecionar", disse um dos físicos que iniciaram a carreira no Magistério.

A desistência afetou tanto professores da rede pública quanto da particular. Enquanto o salário e as más condições de trabalho afastam os profissionais da rede pública, na particular há problemas como a falta de autonomia e a obrigação de acatar o que diretores, alunos e pais querem, o que interfere no andamento das aulas.

"Os números mostram que a falta de professores na rede básica de ensino não é só um resultado da falta de pessoas formadas na área, mas sobretudo das atuais condições de trabalho e salário do cargo", avalia Roberto Nardi, professor da Faculdade de Ciências da Unesp de Bauru e orientador do estudo.

Entre as dificuldades citadas pelo professor Roberto Nardi estão o volume de horas de trabalho em salas de aula cheias e com alunos com defasagem em aprendizados básicos, além da falta de preparação dos licenciados em adaptar o conteúdo da disciplina adquirido na faculdade para o nível dos estudantes do ensino básico.

Entre 1991 e 2008, 377 pessoas receberam o diploma de Licenciatura em Física na Unesp de Bauru; entre elas, estão os 52 físicos que preencheram o extenso questionário da pesquisa de Sérgio Rykio Kussuda.

"Os principais fatores que motivaram o abandono dos licenciados do Magistério foram a questão salarial, as condições desfavoráveis de trabalho neste nível de ensino, especialmente no Magistério público, e a consequente opção por outras profissões, destacando-se o ingresso em programas de pós-graduação que permitem o acesso ao magistério no ensino Superior e empregos em empresas de projeção nacional, públicas e privadas", conclui o pesquisador.

Há licenciados que nunca chegaram a lecionar e outros que decidiram fazer outra graduação. Mas, dos 52 participantes da pesquisa, 27 ainda atuam como professores; sendo que apenas 16, ou 30% do total, trabalham na rede básica de ensino.

"Ministrar aulas é um dom, uma vontade. Gosto muito de dar aulas, porém, o sistema complica muito as coisas", lamentou um dos professores que participaram da pesquisa.

O estudo revela ainda que mais da metade dos entrevistados já lecionou outras disciplinas, principalmente matemática e química. O contrário também acontece com tanta frequência, que a Sociedade Brasileira de Física elaborou um programa de mestrado profissional em Física, para suprir a falta de capacitação de professores que lecionam a disciplina sem terem licenciatura na área.

"As condições de trabalho não são atrativas para manter os licenciados no Magistério. O curso não prepara o professor 100% para a sala de aula", explica Kussuda. É que os alunos do curso de licenciatura só passaram a ter disciplinas específicas sobre ensino recentemente, incluindo estágios e outras práticas. Antes, a maior parte da carga horária do curso era ministrada por bachareis em física que transmitiam o conhecimento da matéria, mas não as técnicas sobre como ensinar esses conceitos a adolescentes.

O orientador do mestrado, Roberto Nardi, mantém um grupo de pesquisa de Ensino de Ciências na Unesp de Bauru e pretende ampliar a pesquisa, estendendo-a para outras amostras.

SERVIÇO: "A escolha profissional de licenciados em física de uma universidade pública", de Sérgio Rykio Kussuda, está na Biblioteca Virtual de Teses e Dissertações da Unesp:

http://www2.fc.unesp.br/BibliotecaVirtual/

 

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