Qui, 17 de Novembro 2011 - 17:17
Por: Professor da rede pública na cidade de Paulicéia, Rodrigo Simão Camacho
O ensino da geografia e a questão agrária é tema de mestrado
Professor da rede pública na cidade de Paulicéia, Rodrigo Simão Camacho realizou entre 2005 e 2007 uma pesquisa sobre o ensino de geografia e a questão agrária. O resultado está na dissertação de mestrado apresentada na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
“O ensino da geografia e a questão agrária nas séries iniciais do ensino fundamental” é uma reflexão sobre a educação do campo e o seu papel de transformação social e também sobre a questão agrária e a concentração fundiária.
O autor defende que o agronegócio latifundiário e o campesinato, presentes quando o assunto é reforma agrária, tornam a discussão da luta de classes atual e indispensável. Neste contexto, a chamada ‘educação do campo’ é vista como instrumento para trabalhar assuntos específicos dos moradores do espaço rural, respeitando o seu saber popular e auxiliando na luta contra a territorialização do capital no campo e a sujeição da renda camponesa ao capital.
“Os camponeses sempre estiveram excluídos pelo modelo socioeconômico que valoriza o agronegócio latifundiário exportador e o espaço urbano como símbolos da modernidade/avanço/progresso. No processo educativo oficial, sempre houve uma educação rural reprodutora cujo objetivo é formar para a submissão, preparando mão-de-obra barata para o capital urbano e para o agronegócio, reproduzindo, assim, as relações sociais vigentes que são, por sua vez, excludentes”, explica o professor, enfatizando a necessidade de construção de uma ‘educação emancipatória’ dos habitantes da área rural.
Para atingir o objetivo de auxiliar no processo de construção de uma educação condizente com a realidade do campo, o professor Rodrigo Simão retratou a perspectiva dos ‘alunos-camponeses’ de 1ª a 4ª séries e a opinião de professores das séries iniciais.
“Os professores são peças fundamentais para a construção de um processo educativo transformador. Por isso, necessitam de uma formação que permita ler a realidade para além do discurso neoliberal, compreendendo a história dos seus educandos e possibilitando que estes possam adquirir uma consciência crítica que lhes dê autonomia intelectual de observar, analisar, questionar e transformar a realidade”, diz o autor na apresentação de sua dissertação.
O mestrado destaca que o ensino de geografia deve possibilitar a compreensão crítica do mundo capitalista globalizado, criando canais que permitam romper com a ideologia neoliberal e com o processo de globalização capitalista excludente. “Defendemos a necessidade construção de uma geografia escolar fundamentada nos pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico e dialético”, conclui o autor, que escolheu o tema baseado em suas experiências como professor nas séries iniciais de alunos oriundos de acampamentos e assentamentos da área rural.
A dissertação está publicada na biblioteca virtual de pós-graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Contatos com o autor: simaocamacho_ufms@yahoo.com.br ou através do telefone (18) 3851 4247.