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Teses e Dissertação

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Seg, 28 de Janeiro 2013 - 13:49

Pesquisas e livro da APEOESP sobre saúde dos professores são fonte de mestrado na USP

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  O historiador Danilo Alexandre Ferreira de Camargo analisou mais de 60 trabalhos acadêmicos e pesquisou durante quatro anos sobre o adoecimento dos professores, a rotina e a relação dos educadores com o ambiente escolar. As pesquisas que a APEOESP realizou sobre o tema e também o livro publicado pelo Sindicato subsidiaram o pesquisador na elaboração do trabalho, cujo resultado está em sua dissertação de mestrado, “O abolicionismo escolar: reflexões a partir do adoecimento e da deserção dos professores”, apresentada à Faculdade de Educação da USP em 2012.

  O trabalho de 123 páginas, orientado pelo professor Julio Roberto Groppa Aquino, revela como a própria estrutura da escola pública brasileira provoca o adoecimento e o afastamento dos professores.

  O pesquisador ressalta em sua dissertação de mestrado, o trabalho da APEOESP para garantir a visibilidade do tema e incluir a saúde do professores entre os principais temas de sua pauta de reivindicações. “A APEOESP divulga em sua página na Internet as dissertações e as teses sobre a saúde do professor e tem produzido seus próprios levantamentos estatísticos com os professores associados”, conta Camargo, antes de analisar os dados das pesquisas que o Sindicato fez sobre a questão.

  Baseado nestes dados e em sua vasta pesquisa, Danilo Camargo apresenta como primeiro efeito do mal-estar docente, a reação do Estado que tenta, através de novas leis, controlar e punir os profissionais. “Em 2008, o  governo de São Paulo promulgou a polêmica Lei Complementar 1041, que limitou a seis o número de faltas anuais dos servidores estaduais em virtude de consultas médicas ou tratamento de saúde. Dois anos depois, o governo paulista reconheceu que a lei, embora tenha reduzido a falta dos professores, não resolveu o problema, pois surgiu uma espécie de efeito colateral: o aumento das exonerações e pedidos de licenças não remuneradas”,  conta o pesquisador.

  A principal referência teórica do mestrado de Danilo Camargo é a obra do francês Michel Foucault sobre as instituições disciplinares. A partir da análise de Foucault, o pesquisador avalia questões muito presentes na vida dos educadores, como o burnout e as imagens da insalubridade escolar. “Esta dissertação trata da escola e de suas tragédias”, explica Danilo Camargo já na apresentação da pesquisa.

  De acordo com o estudo, existe nas sociedades escolarizadas uma barreira discursiva que silencia qualquer contestação da atual estrutura escolar. “Estamos presos a este conceito de educação como única maneira de conseguirmos viver em sociedade“, acredita o pesquisador, que defende em sua dissertação a tese de que os problemas da realidade escolar deveriam ser entendidos como resistência política à ordem estatal e não apenas como patologias ou desvios morais dos educandos e dos professores.

  Camargo propõe a reflexão sobre o que ele chama de “abolicionismo escolar”: o questionamento da existência da escola enquanto instituição insubstituível. “Essa agonia que tem caracterizado a impossível (e agora insalubre) profissão de educar indica de forma definitiva o contraste entre as abstrações de nossas utopias pedagógicas e a prática muitas vezes intolerável do ambiente escolar”, conclui o pesquisador.

SERVIÇO: A dissertação “O abolicionismo escolar: reflexões a partir do adoecimento e da deserção dos professores”, de Danilo Alexandre Ferreira de Camargo, está publicada na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP: www.teses.usp.br

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