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Qui, 17 de Novembro 2011 - 18:40

Professor Ramatis Jacino analisa trabalho do negro livre no final do século XIX

No final do século 19, após a abolição da escravatura no Brasil, o negro foi alvo de exclusão econômica, social e geográfica na cidade de São Paulo. A esta exclusão, seguiu-se um processo de estigmatização, usada como um dos pilares da construção do racismo em nosso País, afirma em sua dissertação de mestrado em história econômica, o professor Ramatis Jacino, que leciona história na EE República da Guatemala, no Itaim Paulista, zona leste da Capital.

Por: Professor de História Ramatis Jacino

Professor Ramatis Jacino analisa trabalho do negro livre no final do século XIX

No final do século 19, após a abolição da escravatura no Brasil, o negro foi alvo de exclusão econômica, social e geográfica na cidade de São Paulo. A esta exclusão, seguiu-se um processo de estigmatização, usada como um dos pilares da construção do racismo em nosso País, afirma em sua dissertação de mestrado em história econômica, o professor Ramatis Jacino, que leciona história na EE República da Guatemala, no Itaim Paulista, zona leste da Capital.

Tendo como base principal os primeiros recenseamentos nacionais realizados no Brasil, em 1872 e em 1890, Ramatis analisou a situação do trabalho do negro liberto na cidade paulistana. Os levantamentos feitos pelo pesquisador resultaram na dissertação O trabalho do negro livre na cidade de São Paulo: 1872 – 1890, defendida em março de 2007, no Departamento de História Econômica da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, sob orientação da professora doutora Vera Lucia Amaral Ferlini.

O historiador conta que mesmo antes da abolição da escravatura, em 1888, muitos negros já estavam libertos, em vários casos por cartas de alforria, pois existiam incentivos fiscais para que os senhores libertassem seus escravos. Segundo ele, o final da escravidão no Brasil se deu principalmente por três motivos: a luta dos próprios negros; a pressão do império britânico e o fato de que o trabalho livre era menos oneroso já que, ao contrário da escravidão, comprava-se apenas a força de trabalho do indivíduo e não ele próprio.

Branqueamento

O autor sustenta que o negro recém-liberto não era considerado, pela classe dominante, como apto a exercer qualquer trabalho que não fosse à condição de escravo, apesar de muitos dos ex-escravos exercerem diversas atividades, desde as mais simples até as sofisticadas.

Como decorrência desta convicção as elites consideravam que o Brasil, por ter um grande número de negros e índios, era um país atrasado. Foi daí que surgiu entre a classe dominante a ideia de que o Brasil deveria passar por um processo de ‘branqueamento’ para tornar-se uma nação adiantada e comparada a países europeus.

O incentivo a imigração de europeus para o Brasil foi a materialização destas concepções. Enquanto os imigrantes foram favorecidos por leis que lhes deram condições de adquirir terras, os negros foram excluídos não somente do campo, como também do trabalho urbano, relegados a marginalidade econômica, social e política.

Boa parte dos negros recém-libertados residia nas áreas centrais da cidade de São Paulo. Com a valorização destes locais e sua ocupação por comércios, indústrias, órgãos públicos, bancos e habitações luxuosas, acabaram sendo empurrados para a periferia.

Na opinião do pesquisador, que além de RE de sua escola, representa a APEOESP na direção da CUT estadual, fatos como esses ainda se refletem nos dias de hoje. Dados recentes do IBGE apontam as diferenças salariais entre homens brancos e negros e também entre mulheres, brancas e negras. Além do mais, é comum a concentração de populações negras nas periferias das grandes cidades.

A íntegra da dissertação pode ser acessada na Agência de Notícias da USP ou no site www.teses.usp.br

Para entrar em contato com o autor, escreva para rama@usp.br

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