Ter, 13 de Agosto 2013 - 15:07
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O psicólogo Fabiano Simões Corrêa acaba de obter o seu título de Mestrado em Psicologia Social com a tese "Um estudo qualitativo sobre as representações utilizadas por professores e alunos para significar o uso da Internet".
O estudo desenvolvido na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP comprova que alunos e professores têm visões bem diferentes da finalidade da Internet.
A pesquisa foi realizada em uma escola pública de Ribeirão Preto ao longo de três anos, com professores e estudantes com idade entre 15 e 18 anos. A escola com mais de dois mil alunos tem apenas 20 computadores para seus estudantes e salas de aula sem acesso à Internet.
Segundo o autor, o objetivo do trabalho é contribuir com reflexões que auxiliem as práticas pedagógicas e didáticas e subsidiem políticas públicas de inclusão digital em instituições de ensino.
A pesquisa revela as diferentes percepções das novas tecnologias: enquanto os professores ainda têm muitas dúvidas e receios sobre a Internet, os estudantes apostam nas novas formas de Comunicação e Educação.
"Quando você pergunta para o aluno qual a diferença entre aprender na escola e na Internet, ele responde que na Internet é tudo rápido e direto", explica o pesquisador. Já os professores dividem-se entre a ideia de que a escola tem que absorver as novas tecnologias da informação e a dúvida sobre o uso adequado da rede pelos alunos.
"O professor tem certo medo da Internet, pois ninguém fala muito bem para ele como deve utilizá-la. Precisamos de mais pesquisa nessa direção, para indicar os caminhos", defende Fabiano Simões.
Durante a pesquisa para o mestrado, o psicólogo descobriu que, para a maioria dos professores e mesmo no senso comum escolar, o estudante dedica-se somente às redes sociais e outras superficialidades ou 'futilidades' oferecidas pela rede.
Fabiano Simões defende em seu trabalho que mesmo o uso de ferramentas como as redes sociais pode ser muito útil para o cotidiano escolar. "O aluno usa de forma predominante as redes sociais, mas por meio das redes ele consegue se comunicar, muitas vezes produzir conhecimento, produzir relações produtivas, divulgar o pensamento dele, se expressar politicamente, ajudando a construir uma inteligência coletiva", elogia o pesquisador.
Para o pesquisador, a diferença entre as percepções dos estudantes e dos professores apenas reproduz o conhecido conflito entre o mundo dos adultos e dos adolescentes. "Os adultos estão familiarizados com os veículos de comunicação de massa como o rádio e a televisão e ainda não têm a capacidade de entender a dimensão deste fenômeno de comunicação em rede que eles, adolescentes, estão fazendo", conclui o pesquisador.
SERVIÇO: "Um estudo qualitativo sobre as representações utilizadas por professores e alunos para significar o uso da Internet", de Fabiano Simões Corrêa, está disponível na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP:
Contatos com o autor através do e-mail: psifasico@yahoo.com.br